Enquanto os consumidores tentam de tudo para economizar na compra do material escolar, as papelarias, livrarias e outros varejistas do segmento apostam em promoções e condições especiais de pagamento para ganhar o consumidor. Mas o cenário não ajuda: além da crise econômica, a alta do dólar impacta no preço de produtos importados, que estão até 30% mais caros. Em Minas Gerais, a elevação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) de 12% para 18% também aumenta o desafio dos empresários.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE), Rubens Passos, os produtos de fabricação nacional, como lápis e cadernos, estão chegando ao consumidor 10% mais caros que na volta às aulas do ano passado. Segundo ele, isso acontece por causa do aumento da inflação, que impacta nos serviços e mão de obra, mas também devido ao aumento dos preços de matéria-prima. Os produtos importados, como mochilas, lancheiras e estojos, estão ainda mais caros. Alguns têm preços até 30% superiores. De acordo com o presidente, esse é o maior aumento nos últimos 10 anos.
Na Livraria Leitura o impacto é sentido principalmente nos produtos importados. Segundo o sócio-diretor, Marcus Teles Cardoso de Carvalho, produtos como mochilas chegam a ter até 20% de aumento nos preços. Ele afirma que a alta só não foi maior porque os fornecedores não repassaram todo o reajuste e também porque a livraria se antecipou, comprando produtos em uma época em que o dólar não estava tão alto como agora.
Ele destaca que o aumento do ICMS também vai impactar nos preços no longo prazo. Carvalho afirma que a estratégia da empresa será não repassar o reajuste para o consumidor no primeiro momento. “Já tínhamos soltado a revista de ofertas que é válida até meados de janeiro, então vamos manter os preços que estão nela. Não há uma expectativa de reajuste: por enquanto vamos segurar o preço como uma estratégia para manter as vendas”, afirma. Além disso, a Leitura também está trabalhando com financiamento das compras em até seis vezes como mais um atrativo para o cliente.
De acordo com Carvalho, apesar dos desafios, a expectativa da rede é de crescimento em 2016. Considerando as novas lojas abertas em 2015, a meta é crescer de 12% a 15% em relação ao ano anterior.
Na Kalunga a expectativa de venda na volta às aulas de 2016 é de crescimento de 10% a 12% em relação a 2015. O número é menor que o registrado no período anterior: a volta às aulas de 2015 representou um crescimento de 18% em relação a 2014. Segundo o diretor comercial, Holsei Pimenta, essa desaceleração está diretamente ligada ao cenário macroeconômico do País. “O menor crescimento tem a ver com o período de crise econômica, o alto índice de desemprego e a necessidade das pessoas gastarem menos”, diz.
Mas ele destaca que a empresa se preparou e por isso tem a segurança de continuar crescendo. De acordo com Pimenta, a maior parte dos produtos importados foi comprada no primeiro semestre de 2015, portanto o impacto do dólar é muito menor. Além disso, tem fabricação própria de cadernos, o que também permite melhores preços. “Também investimos em ferramentas para diminuir o impacto da crise sobre o cliente. Temos uma promoção de compra de caderno usado: a cada quilo de caderno, oferecemos R$ 1,50 de desconto em alguns materiais da Kalunga. Também estamos dividindo as compras em até 12 vezes sem juros, o que não é comum nesse segmento”, diz.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG