CNI aponta uma queda real de 8,8% em 2015

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O faturamento da indústria teve queda real de 0,6% em dezembro na comparação com novembro e recuou 13,6% em relação a dezembro de 2014. No acumulado do ano passado, o faturamento real da indústria caiu 8,8%. Os dados fazem parte do indicadores industriais divulgados ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI)
 
Com a retração na atividade e a ociosidade ainda elevada, as indústrias brasileiras mantiveram o processo de demissão em dezembro, segundo os indicadores industriais divulgados pela CNI
 
Conforme a pesquisa, o emprego recuou pelo décimo mês consecutivo, ao cair 0,2% em dezembro ante novembro, na série dessazonalizada. Na comparação com dezembro de 2014, a queda foi de 8,8%. Já no acumulado do ano, o recuo do emprego foi de 6,1%
 
A diminuição do mercado de trabalho atingiu a massa salarial e o rendimento dos trabalhadores. Segundo a pesquisa, a massa salarial real teve redução de 0,2% em dezembro ante novembro, na série dessazonalizada, e caiu 7,9% ante dezembro de 2014. No acumulado do ano, a massa salarial real teve queda de 6,2%.
 
Já o rendimento médio real subiu 0,8% em dezembro ante novembro e teve alta de 1,0% em dezembro ante o mesmo mês de 2014. No acumulado do ano, o rendimento médio real, apresenta queda de 0,1%.
 
Ociosidade - Para a indústria, 2015 terminou como o pior ano das últimas duas décadas. A avaliação é do gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, que apresentou pesquisa de indicadores do setor. Segundo ele, a Utilização da Capacidade Instalada (UCI), na média do ano, bateu no menor nível da série histórica (78,9%), iniciada em 2003.
 
Durante a apresentação dos dados, que mostraram o desempenho de faturamento, emprego, massa salarial, entre outros, o economista frisou mais de uma vez que os resultados foram piores até mesmo que em 2009, o ano pós-crise financeira internacional, que teve a quebra do banco Lehman Brothers como estopim, em 2008.
 
“Foi um ano bastante negativo para indústria e o resultado de dezembro mostrou nova piora”, observou Castelo Branco. Ele ponderou que o nível de atividade está “bastante reduzido”, alcançando vários seguimentos. “A recessão é generalizada na economia, mas na indústria é mais acentuada”, avaliou. O economista ainda classificou 2016 como um ano de “grande incerteza”, sobretudo em relação à política fiscal. Para ele, não há expectativa de reversão no curto prazo.
 
As condicionantes domésticas para o crescimento, como consumo e investimentos, permanecem em queda neste ano. Apenas para os seguimentos ligados às exportações há uma perspectiva mais positiva diante da mudança de patamar do dólar, que no ano passado subiu quase 50% frente o real. “Os setores com demanda externa mostram sinais de reação, mas, dado o tamanho da recessão, as exportações não serão suficientes para mudar o quadro”, argumentou.
 
Castelo Branco se mostrou cético quanto ao último pacote de medidas anunciado pelo governo na semana passada e que promete dar impulso para os investimentos e para o consumo e previu uma nova queda da atividade industrial em 2016. Ele ponderou, no entanto, que melhora das condições de crédito tende a dar algum alívio, mas incertezas quanto a política fiscal e a inflação continuam a pesar. “Com o custo do crédito nos níveis atuais (juros elevados), a demanda por crédito está pequena. O pacote do governo terá algum efeito, mas não tão forte para reverter quadro”, ponderou.

 



Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG


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