As vendas de eletrodomésticos da linha branca, como fogões geladeiras e lavadoras, e de eletroportáteis, que reúnem equipamentos menores como cafeteiras, liquidificadores, por exemplo, decepcionaram no ano passado. Entre janeiro e novembro, o faturamento no varejo de equipamentos da linha branca caiu 11% em comparação como mesmo período de 2014, segundo a empresa de pesquisa GFK. Nos eletroportáteis, o recuo foi de 3% na receita, nas mesmas bases de comparação.
Na linha branca, essa foi a primeira queda nas vendas em seis anos, segundo Oliver Römerscheidt, diretor da consultoria, que audita as vendas no varejo mensalmente. “O momento oportuno para se investir nesse mercado talvez tenha sido cinco anos atrás. Hoje o mar não está para peixe.”
Os dados da Eletros, que acompanham o mercado pelo número de unidades vendidas da indústria para o varejo, apontam para a mesma direção. Segundo a associação que reúne a indústria do setor, as vendas da linha branca caíram 14% de janeiro a setembro de 2015 em comparação com igual período de 2014. Nos eletroportáteis, a retração foi maior, de 18%.
Juro, inflação e desemprego em alta afetaram negativamente as vendas desses itens, cuja compra está atrelada à confiança na economia. Além disso, esse mercado não conta mais com benefícios que teve no passado, como redução de imposto e programas do governo voltados para o brasileiro equipar a casa.
A Whirlpool, gigante do mercado brasileiro de eletrodomésticos da linha branca com as marcas Consul e Brastemp, destacou na última sexta-feira, quando apresentou os resultados do quarto trimestre, que o desempenho do Brasil prejudicou a receita da América Latina. O faturamento da região recuou para US$ 800 milhões, ante US$ 1,3 bilhão em igual período de 2014. Para 2016, a empresa espera uma retração de 10% nas vendas unitárias no País, um dos principais mercados para companhia.
Estratégia. Para o presidente da Eletros, Lourival Kiçula, apesar de o mercado hoje estar com desempenho ruim, as grandes companhias investem olhando para períodos mais longos. “A decisão é estratégica e as empresas sabem que o mercado se alterna. Não é só o Brasil que tem altos e baixos.”
Apesar de os dados fechados de 2015 não estarem disponíveis, sondagens informais indicam que janeiro foi um mês difícil para as vendas da indústria, diz Kiçula. Procuradas, Whirpool e Electrolux não comentam a estratégia da Midea.
Veículo: Jornal O Estado de S. Paulo