Questionado se o Brasil teria necessidade importar arroz e feijão, produtos essenciais na mesa do brasileiro, o secretário de Política Agrícola, André Nassar, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), relatou que normalmente existe um fluxo de importação e exportação desses itens. “Feijão é diferente, em período de três meses podemos ter a saca subindo ou descendo R$ 60 a R$ 70”, explicou, referindo-se ao curto ciclo produtivo da leguminosa, que garante três safras por ano.
Ele não confirmou, no entanto, se haverá necessidade de importação no caso do feijão. “Para o arroz, existe bom estoque de passagem no Uruguai, Paraguai e Argentina e isso significa que virá arroz de lá. Devemos importar cerca de 1 milhões de toneladas ou um pouco mais”, observou.
Segundo Nassar, o arroz vem de um cenário de preços ruins e custos de produção elevados, quadro que se reverteu nesta safra. “Os preços novos estão dando rentabilidade para o arroz e isso significa que ele vai investir no cereal na próxima safra”, disse.
No fim da entrevista para divulgar a previsão de safra de grãos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o secretário foi questionado sobre possibilidade de o governo tributar as exportações. “Eu não entendo que o governo queira tributar exportação, tudo que sabemos é que não”, disse.
“A experiência Argentina mostra que quem paga a conta é o produtor, que produz menos e é substituído por um concorrente no mercado internacional. Isso só gera consequência negativa”, ponderou.
Produtividade – Já o diretor de Política de Política Agrícola e Informações, João Marcelo Intini, da Conab João Marcelo Intini explicou ontem que a queda nas projeções para a safra 2015/16 ocorreu em virtude do clima, principalmente em Mato Grosso. Segundo ele, a companhia já vinha observando redução em algumas áreas. “A restrição hídrica na soja precoce trouxe redução de produtividade”, justificou.
Ele disse, ainda, que houve pequeno ajuste nas estimativas de arroz e de soja no atual levantamento mas, ainda assim, se manteve a previsão de safra recorde, com a soja apresentando a maior expansão. “As condições nesse momento são amplamente favoráveis para plantio da primeira e segunda safra. Tudo tem conspirado a favor da segunda safra. Mesmo na região de Mato Grosso”.
Segundo o diretor, o fenômeno climático El Niño trouxe uma “grata surpresa”, com inversão das condições climáticas em janeiro, o que levou chuvas para o Nordeste. A mudança no clima, na avaliação dele, ajudou as criações e possibilitou plantio em muitas regiões. “Não sabemos se isso vai se sustentar. Mantemos como nossa baliza os modelos matemáticos para o clima na região. Vamos observar”, disse.
Intini relatou, ainda, que as condições climáticas de todo o Matopiba, região formada por partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, são favoráveis. “Em alguns lugares as chuvas foram expressivas, o que elevou o ânimo do produtor e a qualidade da plantação”, concluiu.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG