Indicadores mostram melhora, mas desemprego deve alcançar os 10%

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IAEmp e ICD, da FGV, apontam dados melhores em janeiro, porém evolução indica apenas que o enfraquecimento do mercado de trabalho pode ser menos intenso neste ano do que foi em 2015.

Apesar da leve melhora de indicadores que estudam a evolução do mercado de trabalho, especialistas acreditam que a taxa de desemprego deve subir ainda mais nos próximos meses, atingindo os dois dígitos neste ano.

Os últimos resultados do Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) e do Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), apontam para "uma redução do ritmo de piora para o emprego", comentou Fernando de Holanda, pesquisador do Ibre. A tendência, entretanto, ainda é de aumento da taxa de desemprego. "É possível que chegue aos dois dígitos", adiantou o especialista.

Com a alta de 5,4% em janeiro, o IAEmp chegou aos 73,8 pontos, o que indica "arrefecimento da intensidade de queda do total de pessoal ocupado na economia nos próximos meses", segundo documento apresentado pelo IBRE.

Já o ICD teve queda de 2,7% em janeiro, para 97,3 pontos, "sinalizando uma acomodação da tendência de alta da taxa de desemprego ao início de 2016".

Segundo Holanda, ainda não é possível dizer que a taxa de desemprego vai parar de subir. "Deve continuar crescendo, porém em um ritmo inferior ao que vimos no ano passado". O pesquisador mencionou os baixos índices de investimento e consumo como justificativas para o mal momento do mercado.

A taxa de desemprego medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) registrou taxa de desemprego em 9% no trimestre encerrado em outubro. A pesquisa, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), "deve mostrar taxa de 10% neste ano", disse Victor Gomes, professor de economia da Universidade de Brasília (UNB).

A visão é compartilhada por Antônio Correa de Lacerda, professor de economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). "O quadro para o trabalho reflete muito a atividade econômica do País, que está muito ruim. Por isso, tende a se agravar nos próximos meses e deve chegar aos 10% ao longo do ano."

Lacerda também falou sobre o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que beneficiou 41 mil trabalhadores em pouco mais de seis meses. Para o especialista, o projeto do governo federal, que busca evitar novas demissões, pode amenizar o aumento do desemprego, "mas não consegue reverter a situação por si só".

O aumento do desemprego em 2016, explicou Holanda, será causado tanto pela volta de brasileiros para o mercado quanto pela destruição de vagas formais. "Não se espera que o Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados] seja positivo neste ano, é de se esperar que ele caia menos do que caiu em 2015."

No ano passado, o Caged registrou o fechamento de 1,542 milhão de vagas formais em todo o País.

IAEmp e ICD

O IAEmp é formado por uma combinação de sondagens feitas pela FGV com consumidores e com os setores de indústria e serviços. O levantamento busca antecipar os rumos do mercado de trabalho no País.

Já o ICD é construído a partir de dados de quatro classes de renda familiar e do quesito da sondagem do consumidor que capta a percepção do entrevistado a respeito da situação presente do mercado de trabalho. Assim, o indicador busca a percepção das famílias sobre o mercado de trabalho.

 



Veículo: Jornal DCI


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