Têxtil e de vestuário terão mais recuo em 2016

Leia em 3min 30s

Depois de recuar de mais de 10% no ano passado, atividade continuará enfraquecida e confecção deve cair 1,8%. Exportação e substituição de importados serão insuficientes para recompor perda.

A alta das exportações e a substituição dos importados, apostas da indústria têxtil e de vestuário para o ano, não serão suficientes para compensar a fraca demanda interna. Se o cenário não mudar, o setor tende a repetir o desempenho visto no último ano.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), a produção de vestuário deve encerrar 2016 com queda de 1,8%, totalizando 5,4 bilhões de peças. O recuo é menos intenso que o observado no ano passado, quando a produção caiu 10%, mas ainda está aquém do nível registrado em 2014, quando as confecções produziram 6,15 bilhões de peças de roupa.

"Essa imobilidade na política está se alastrando para a economia e, sem mudança, não há chance de melhora", disse o presidente da Abit, Rafael Cervone, em evento com jornalistas ontem (4).

Para ele, o desempenho do segmento no primeiro trimestre de 2016 ainda será ruim, mesmo com a substituição de importados, um dos fatores que pode ajudar a incrementar os pedidos para a indústria neste ano.

"Estamos prevendo uma alta nos pedidos com base na substituição do que era importado, mas pra isso precisa haver demanda na ponta da cadeia", lembra o dirigente.

O varejo de vestuário encerrou o último ano com queda de 8% no volume de vendas, atingindo 6,45 bilhões de peças. Para 2016, a expectativa é de perda de mais 4,8%. Com a retração, o varejo deve chegar a 6,15 bilhões de peças no ano.

A Comask, umas das principais fabricantes de jeans do País, vem perdendo margem e buscando alternativas para reduzir seus custos nos últimos anos para tentar compensar a forte queda na demanda.

"Os pedidos estão menores, principalmente na produção terceirizada para marcas com preço médio maior", revela o diretor comercial da empresa, Fábio Américo dos Santos.

Já as encomendas para lojas de departamento estão mais estáveis, mas o executivo destaca que a negociação de preço com o varejo de fast fashion é mais agressiva. Esse mercado tem no preço baixo para o consumidor final sua principal vantagem competitiva.

Com margens menores, o faturamento da Comask, que em 2014 avançou cerca de 12% frente ao ano anterior, ficou estável em 2015. Para este ano, a empresa espera faturar 10% menos, perdendo parte do avanço visto dois anos antes. Santos também conta que começou a retomar contato com compradores estrangeiros no final de 2015, sem sucesso.

"Os compradores estão inseguros quanto ao futuro do Brasil e esse componente de incerteza prejudica negociações de longo prazo", explica. Ele diz que a alternativa será negociar contratos de curto prazo.

Têxtil

O aumento de 9% previsto para a produção da indústria têxtil neste ano foi um dos poucos números positivos divulgados pela Abit ontem. No entanto, a alta não sinaliza melhora para as indústrias do segmento.

"A alta se dá sobre uma base muito ruim, porque no ano passado a indústria têxtil teve um tombo", pondera o economista da Abit, Haroldo Silva. No ano passado, a produção têxtil despencou 14,5% para 1,9 milhão de toneladas.

O presidente da Vicunha Têxtil, Ricardo Steinbruch, espera crescer em 2016 por meio dos negócios da empresa no mercado externo. Com fábricas no Equador e na Argentina, o volume de vendas da Vicunha no mercado externo cresceu cerca de 15% no ano passado. "Em 2015, nosso volume no mercado interno ficou entre 10% e 15% menor e, neste ano, não esperamos melhora."

Balança comercial

O mercado interno ainda retraído neste ano deve contribuir para melhorar o saldo da balança comercial do setor. De acordo com as projeções da Abit, as importações devem chegar a US$ 4,5 bilhões neste ano, valor 22,4% menor ante 2015. Em volume, a queda é de 21,1%, para 890 mil toneladas.

Já as exportações podem registrar avanço de 1,5% em valor, para US$ 1,1 bilhão neste ano e 5% em volume com 217 mil toneladas embarcadas.

O saldo da balança comercial do setor, que no último ano apresentou déficit de US$ 4,8 bilhões, deve chegar ao final de 2016 com US$ 3,4 bilhões negativos.

 



Veículo: Jornal DCI


Veja também

Feijão primeira safra deve render 200,5 mil/t

A produção da primeira safra de feijão, de acordo com o quinto Acompanhamento da Safra Brasileira d...

Veja mais
Bandeira amarela alivia IPCA de março, mas não projeção para 2016

                     ...

Veja mais
Indicadores mostram melhora, mas desemprego deve alcançar os 10%

IAEmp e ICD, da FGV, apontam dados melhores em janeiro, porém evolução indica apenas que o enfraque...

Veja mais
Varejo: Setor registra queda de 9,6% em janeiro deste ano

A retração da atividade do comércio verificada em janeiro, de 9,6% na comparação com ...

Veja mais
Secretário não descarta importação de arroz

Questionado se o Brasil teria necessidade importar arroz e feijão, produtos essenciais na mesa do brasileiro, o s...

Veja mais
Milho gaúcho atinge produtividade inédita

A produtividade do milho no Rio Grande do Sul atingiu níveis considerados inéditos. Apesar de uma redu&cce...

Veja mais
Preços de alimentos têm a maior alta em 14 anos, diz IBGE

Os preços de alimentos e bebidas saltaram 2,28% em janeiro, registrando a maior alta desde dezembro de 2002 (3,91...

Veja mais
Varejo físico apresenta queda no fluxo de pessoas

          Segundo dados da Virtual Gate, o tráfego de consumidores n...

Veja mais
Indicadores da FGV mostram melhora do mercado de trabalho em janeiro

Dois indicadores da Fundação Getulio Vargas (FGV) apontam tendência de melhora da situaç&atil...

Veja mais