Custo menor e diversidade de uso sustentam demanda por plástico

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Um volume crescente de materiais reciclados está sendo estocado na Cooperativa de Coleta Seletiva da Capela do Socorro (Coopercaps), na zona sul da capital paulista. O aumento é decorrência da crise econômica, que derrubou a demanda - e os preços - da sucata ferrosa, dos plásticos, do papel, do alumínio e do vidro. No entanto, segundo Sandra Regina Eyer Caselta, membro do conselho administrativo da Coopercaps, o plástico está entre os produtos que têm apresentado menor queda da demanda. "É o material mais fácil de vender", disse.

 

"A queda dos preços também reflete uma questão sazonal, mas a crise das commodities afetou os negócios com os reciclados, o plástico foi o que caiu menos, proporcionalmente", disse André Vilhena¨, diretor executivo do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre). Em decorrência da demanda, que não caiu tanto quanto a de outros materiais, o preço de alguns tipos de plástico foi o que menos caiu, entre todos os materiais recicláveis, conforme dados computados pela entidade.

 

No primeiro bimestre de 2008, a tonelada do PET era vendido por entre R$ 800 e R$ 1,1 mil, o produto prensado e limpo comercializado em cooperativas de São Paulo participantes de programas de coleta seletiva. Um ano depois, o preço caiu até 31,8%, para R$ 750 por tonelada. Já o plástico filme, que era vendido por entre R$ 600 e R$ 1 mil a tonelada entre janeiro e fevereiro do ano passado, hoje é vendido a R$ 400, a tonelada limpa e prensada, queda que variou de 33% a 60%. Apesar da redução significativa, foi menor do que a de outros materiais: o preço do papelão caiu de 70%, o produto prensado e limpo; a tonelada da lata de aço já vale 75,7% menos, enquanto a lata de alumínio custa 45% menos a tonelada.

 

Entre os representantes da cadeia do plástico, a explicação para uma queda menos brusca na demanda está na redução dos custos de produção. "O preço do plástico reciclado pode ser até 40% mais barato que a resina virgem", explicou Merheg Cachum, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast). "Usado em composição com a resina virgem, o plástico reciclado consegue manter praticamente todas as características e ajuda na redução dos custos", afirmou. O executivo ressaltou que o plástico reciclado é usado, em parte, para produzir brinquedos, utensílios domésticos e embalagens de produtos de limpeza, que possuem custo unitário mais baixo, em relação aos bens duráveis, e por isso as vendas não foram tão impactadas pela crise financeira e a consequente redução do crédito.

 

Segundo o Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos (Plastivida), a reciclagem de plásticos cresce, em média, 13,7% ao ano, nos últimos cinco anos. "No mesmo período, o PIB cresceu em média 3,4% ao ano", disse o presidente da entidade, Francisco de Assis Esmeraldo. Em 2007, dado mais recente disponível, foram recicladas 962,56 mil toneladas, conforme levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2003, primeiro ano da pesquisa, eram 702,99 mil toneladas, o que representa alta de 36,9%, em quatro anos.

 

Do volume total coletado em 2007, 560 mil toneladas foram obtidas por meio da coleta seletiva e o restante é resíduo gerado nas empresas. "O Brasil recicla cerca de 21,2% do plástico descartado, é mais do que a média da União Européia, de 18,3%", destacou Assis.

 

Dentre os tipos de resinas, o PET, o polipropileno e o polietileno são as que mais se recicla, explicou o executivo. De acordo com Auri Marçon, diretor da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), em 2007 foram reciclados 231 mil toneladas de PET, o que correspondia a 53,5% do total de garrafas descartadas. "Ao longo dos últimos anos foram desenvolvidas aplicações para o PET reciclado em diversos setores industriais e isso ajuda a fazer com que a demanda se mantenha mesmo com a crise, porque nem todos os setores foram afetados da mesma maneira."

 

De acordo com Marçon, atualmente cerca de 50% do total da resina reciclada é utilizada pela indústria têxtil, seja para a produção de fibra de enchimento, não-tecido (também conhecido como TNT) ou vestuário, mas a indústria química também utiliza o material em larga escala, para a produção de resinas estruturais usadas em revestimentos de tanques industriais, tanques, caixas d’água e piscinas.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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