Pecuaristas têm optado por adiantar a secagem das vacas para reduzir os custos.
Os preços recebidos pelos pecuaristas nas negociações do leite, que estão abaixo dos custos de produção, têm desestimulado a produção em Minas Gerais. O resultado foi uma queda de 3% na captação estadual e elevação de 3,66% no preço líquido praticado em fevereiro, referente à produção entregue em janeiro.
De acordo com pesquisa feita pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), muitos produtores têm optado por adiantar a secagem das vacas como forma de reduzir os custos, tendo em vista que a suplementação concentrada, necessária para produção de leite, está muito cara.
Segundo os dados do Cepea, em Minas Gerais, o preço médio líquido praticado em fevereiro foi de R$ 1,02 por litro, alta de 3,66%. O valor bruto, R$ 1,12 por litro, ficou 3,83% maior. A captação no Estado recuou 3% em plena safra.
Apesar do reajuste, os valores pagos pelo leite ainda são considerados insuficientes para cobrir os custos, que foram alavancados com a desvalorização cambial. O dólar valorizado estimulou as exportações de grãos que fazem parte da alimentação do rebanho e encareceu os produtos no mercado interno.
Além disso, também foram verificados aumentos em outros insumos essenciais como energia elétrica, mão de obra, combustíveis, entre outros. O custo do litro de leite varia entre R$ 1,00 e R$ 1,20 dependendo do sistema de produção.
Margem - Para o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e presidente da Câmara Setorial de Leite e Derivados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Rodrigo Alvim, mesmo com o reajuste, os preços pagos pelo litro de leite continuam insuficientes para garantir margem aos produtores.
?Os preços pagos pelo leite ainda estão abaixo dos custos de produção. Somente no caso do milho, importante componente da ração, que é o principal item que compõem o custo da atividade, aumentou 40% nos últimos meses. Com os preços inviáveis, muitos produtores estão abandonando a atividade e destinando ao abate animais menos produtivos. O pecuarista foi muito penalizado pelos preços baixos em 2015, o que fez com que a produção encerrasse o ano praticamente estável. Mais um ano de queda na produção pode ser complicado?, avalia.
A expectativa do setor é que a valor do leite continue subindo, já que a tendência é de oferta menor no mercado interno. Segundo Alvim, outro fator que pode estimular novas altas são os preços internacionais do leite em pó, que com a sinalização de que a China e a Rússia voltariam às compras, valorizaram no mercado mundial e interferem na cotação nacional. ?Esperamos que ocorram novos reajustes nos preços do leite, porque os valores atuais são insuficientes para resolver a situação?, diz Alvim.
Regiões - Segundos os dados do Cepea, em Minas Gerais, foi verificada valorização em todas as regiões pesquisadas. Na região do Rio Doce, o preço líquido ficou em R$ 1,06 e o bruto em R$ 1,18, aumento de 4,31% e 4,34%, respectivamente. A Região Metropolitana de Belo Horizonte encerrou fevereiro com o preço líquido médio do leite 3,85% maior, com a cotação chegando a R$ 1,02. O valor bruto, R$ 1,13, aumentou 4,23%.
Alta também na Zona da Mata, com o valor líquido do litro de leite crescendo 8,65%, com o produto negociado a R$ 0,83. Já o preço bruto, R$ 1,05, ficou 8,02% maior. No Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, os pecuaristas receberam 4,01% a mais pela comercialização do leite, uma vez que o preço líquido ficou em R$ 1,07. O preço bruto aumentou 4,2%, com o produto avaliado em R$ 1,19.
A cotação líquida média do leite retraiu 0,67% na região Sul e Sudoeste, com o litro avaliado a R$ 0,92. O valor bruto, R$ 1,00, variou apenas 0,9% a mais.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG