Para tentar atender ao consumidor que quer gastar menos nesta Páscoa e ainda assim garantir as vendas, as empresas produtoras de chocolate trazem para este ano produtos menores e mais acessíveis. De acordo com Ubiracy Fonseca, vice-presidente de chocolate da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), os fabricantes procuraram fazer mais com menos, buscando reduzir tempo de produção e o tamanho de ovos e embalagens. “Tudo isso foi feito para ter um custo menor, e até mesmo reduzir as margens, para que isso possibilite a venda, já que o consumidor não quer gastar muito”, conta.
Empresas como Nestlé e Garoto apostam em lançamentos de 45 a 150 gramas para este ano, além dos já consagrados produtos do portfólio. De acordo com Ubiracy, a média do tamanho dos ovos esse ano é de 250g, cerca de 40% menores do que no ano passado.
Ele afirma que, em 2016, os produtos sofreram reajuste de preços devido, principalmente, aos componentes da produção do chocolate. “Vai ter aumento porque o dólar aumentou, o açúcar aumentou 30%, houve aumento de mão de obra e de combustível. Isso, evidentemente, aumenta os custos logísticos, como transporte e armazenamento”.
Ele diz, ainda, que os associados da Abicab, além de inovarem no caso de ovos para as crianças, apostam também em novos formatos. “As empresas inovam em embalagem, tamanhos e licenças, além dos ovos diferenciados com alto teor de cacau, diet, sem lactose etc.”.
O diretor executivo da Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), Walter Tegani, afirma que os produtores brasileiros, concentrados principalmente na Bahia, estão enfrentando uma seca, o que afeta diretamente na produção de cacau. “O que se espera é que na próxima safra haja uma quebra de 40 mil toneladas”, diz.
Segundo ele, mesmo com uma queda de 10% no consumo de chocolates - indústria que representa a principal demanda do setor - com a produção fraca de cacau, aumenta a necessidade de importação, o que encarece ainda mais o produto.
“Mesmo com essa queda, ainda há uma alta demanda para o período da Páscoa. Se não fosse o mercado de exportação, estaríamos amargando resultados piores”, completa.
Supermercados
O setor de supermercados no Ceará aposta na data, mesmo diante da alta de 8% a 10% no preço dos ovos. É o que diz Júnior Novais, um dos diretores da Associação Cearense de Supermercados (Acesu). “Mesmo com o aumento no preço, que é normal, acreditamos que a Páscoa vai dar uma incrementada nas vendas, com um crescimento de cerca de 12% a 15%”, diz.
Ele afirma, ainda, que as estratégias para o público infantil foram reforçadas pela indústria, influenciando o varejo. “Todas as empresas compraram patentes e vêm apostando forte em muitos brindes para aumentar as vendas”.
O economista Sérgio Melo explica que, como o cacau é uma commodity, o preço é definido pela demanda e oferta, que é acertado diretamente pelo mercado mundial desse produto. “Com o problema de cultivo, a demanda cresce acima da oferta, aumentando o preço do produto e consequentemente dos chocolates”.
Além disso, o economista explica que o valor do cacau é determinado pelo dólar. Com a alta da moeda, a tendência é que o preço suba. “Quando sobe o preço no mercado internacional, também aumenta o preço interno do país. Aliado a isso, vem a desvalorização do Real frente ao Dólar”, conclui.
Veículo: Site O Povo