Há descontentamento em relação ao emprego e temor em relação ao atual cenário econômico do País.
A crise econômica no Brasil tem afetado diretamente o humor dos consumidores na capital mineira. De acordo com pesquisa feita pela área de Estudos Econômicos da Fecomércio-MG, o índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) atingiu, em fevereiro deste ano, a marca de 80,95 pontos, número que demonstra insatisfação por parte dos belo-horizontinos. Os principais motivos para o descontentamento dizem respeito ao emprego, à perspectiva profissional e ao consumo.
O índice de Intenção de Consumo das Famílias é calculado com base na média de sete indicadores: emprego atual, perspectiva profissional, renda atual, acesso ao crédito, nível de consumo atual, perspectiva de consumo e momento para duráveis. Quanto mais abaixo dos 100 pontos, maior o grau de insatisfação; acima de 100, com o limite de 200 pontos, indica satisfação.
Segundo o economista da Fecomércio-MG Guilherme Almeida, o descontentamento dos consumidores de Belo Horizonte, de modo geral, explica-se pela conjuntura econômica vivenciada no Brasil desde o fim de 2014. Porém, mesmo seguindo a tendência nacional, na capital mineira a insatisfação é 2,2 pontos menor que a média registrada para o País: 78,72.
“Com a recessão, com indicadores nada favoráveis, os agentes, sejam empresários ou consumidores, acabam tendo uma queda na confiança, e tendem a investir ou demandar menos. Esse quadro ainda perdura justamente porque está ligado à crise política, que não permite o estabelecimento de medidas de recuperação econômica a médio e longo prazos. E quando os agentes não veem uma política favorável para a economia, isso acaba afetando a confiança. Com isso, o cenário de incerteza dita o comportamento do consumidor”, afirma Almeida.
CNC - Na comparação com os indicadores nacionais da ICF da Confederação Nacional do Comércio (CNC) para o mesmo período, o belo-horizontino está mais insatisfeito quanto ao emprego (94,07), perspectiva profissional (68,64) e perspectiva de consumo (56,30). Com relação à expectativa profissional, para se ter ideia, 40,5% dos responsáveis pelos domicílios da cidade não enxergam melhora nos próximos seis meses e 50,4% não souberam responder.
A descrença em uma melhora afeta também o nível de consumo (56,79). Ao todo, 46,9% dos entrevistados alegaram que as compras foram reduzidas em relação ao mesmo período do ano passado e somente 3,7% das famílias disseram estar comprando mais. Além disso, 46,4%, a maior parte, estão pessimistas em relação ao consumo para o semestre.
Contrariando o clima de insatisfação geral, local e nacional, os consumidores da capital mineira se mostraram satisfeitos com a renda atual (105,19) - que para 51,6% permanecem igual a de 2015 - e em relação ao acesso ao crédito (107,16) - que para 25,9% dos entrevistados está facilitado. Para o economista Guilherme Almeida, os resultados desses dois itens, no entanto, devem ser analisados com cautela.
“Muitas pessoas acham que a renda atual está igual a do ano passado, mas, às vezes, deixam de considerar o custo de vida, que mudou. Elas não conseguem mensurar a perda no valor nominal do salário. Então, boa parte das pessoas que deram resposta positiva podem não ter considerado o efeito inflacionário”, destaca.
No que diz respeito ao crédito, Almeida lembra que o acesso de fato é maior, porém, deve-se levar em conta que ele está mais encarecido em função do aumento das taxas de juros.
A Pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) tem como objetivo medir a avaliação dos consumidores em relação a aspectos importantes da condição de vida de suas famílias, tanto no âmbito profissional quanto no comportamento de consumo. Realizado pela primeira vez com recorte em Belo Horizonte, o estudo será feito semestralmente, sempre em fevereiro e agosto de cada ano.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG