A disputa entre fabricantes de alimentos continua acirrada, ao mesmo tempo que a renda do brasileiro encolhe. Preocupadas com esse momento, as gigantes BRF e JBS e regionais como a Pif Paf Alimentos investem em diversificação de produtos e opções de preços para todos os bolsos.
Para o presidente da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), Edmundo Klotz, o setor deve registrar no máximo produção em linha com o ano passado devido efeitos da desaceleração econômica. No entanto, oficialmente a Abia projeta alta de 1,4% no volume produzido e avanço de 1,5% nas vendas reais.
Segundo a consultoria Euromonitor International, é esperado um movimento de migração das marcas de maior valor para outras de preços menores, na medida em que a renda disponível continua a encolher. "Para limitar os efeitos dessa migração, as grandes empresas têm investido na expansão de suas carteiras em outras categorias, a fim de manter a participação de mercado", dizem os analistas da Euromonitor.
A BRF, que já detém 63,9% do mercado de pratos congelados e 41,3% do segmento de embutidos, quer aproveitar essa tendência de comportamento para fixar a marca Perdigão. "Com o retorno da Perdigão em categorias importantes em julho de 2015, a BRF passou a ter um portfolio mais completo. Além disso, com duas marcas fortes, iniciamos uma nova estratégia, reforçando o posicionamento premium da Sadia, e direcionando Perdigão para ocupar o papel de smart choice, marca forte e padrão de qualidade BRF, mas com um preço mais acessível", declaram dirigentes da companhia, em divulgação de resultados financeiros.
Os novos produtos e o ajuste de preços foram citados como os fatores que devem estimular o aumento da rentabilidade da companhia em 2016. A companhia espera recuperar a margem operacional dos negócios no Brasil, mas não descarta enfrentar a concorrência mais acirrada de empresas regionais e das rivais de grande porte. No ano passado, a concorrente JBS investiu no reposicionamento da marca Seara e lançou mais produtos.
A Pif Paf Alimentos, empresa mineira de médio porte, também vem apostando em lançamentos para estimular as vendas. No início deste ano, a empresa incluiu dois produtos a um portfólio que já conta com mais de 300 alimentos.
Desempenho financeiro
"O cenário de custos que vimos ao longo de 2015, derivado principalmente do impacto do câmbio, continuou pressionando as margens no último trimestre [de 2015]", lembrou a BRF, em relatório, em linha com queixas dos industriais sobre inflação nos custos.
De acordo com a BRF, em função do cenário macroeconômico, as vendas no Brasil somaram 2,39 milhões de toneladas no ano passado, queda de 3,2% ante 2014. Em valor, a companhia conseguiu avançar 4,0% para R$ 16,04 bilhões.
No resultado consolidado de 2015, que inclui as operações da brasileira em outros países, a receita líquida da BRF totalizou R$ 32,197 bilhões, uma expansão de 11,0% em comparação com o ano anterior.
O lucro líquido avançou 46,0% para R$ 3,118 bilhões na comparação com o visto em 2014. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) registrou alta de 21,9% para R$ 5,738 bilhões no ano passado.
Nas operações fora do País, a BRF destacou as aquisições recentes no Reino Unido, Argentina e Tailândia. "As vendas nas regionais fora do Brasil foram responsáveis por 50% da receita operacional líquida, aumento de 3%, refletindo a nossa estratégia de nos posicionarmos por meio de aquisições ou parcerias", citou a BRF.
Veículo: Jornal DCI