A menos de um mês da Páscoa, comemorada em 27 de março, os supermercados já estão investindo em estratégias para impulsionar as vendas de produtos típicos. Com o endividamento das famílias, o desemprego aumentando e a alta da inflação, fica cada vez mais difícil para o cliente conseguir manter os padrões de consumo dos anos anteriores. Pensando nisso, para evitar que os ovos fiquem estocados, como ocorreu em 2015, os estabelecimentos apostam em parcelamento em até 10 vezes sem juros no cartão da loja. Ou seja, é possível comprar agora e terminar de pagar só no Natal.
A novidade é saída para quem não quer deixar a data passar em branco. “O jeito vai ser parcelar o ovo de Páscoa. Nunca vi isso, mas, do jeito que está feia a coisa, é uma saída interessante”, comenta a manicure Gisele de Lima, 53 anos, de Santo André, que não quer deixar os dois netos sem presente.
As condições de parcelamento podem ser diferenciadas se o consumidor optar por fazer a dívida no cartão da loja, como no Carrefour. Na rede, os produtos pascais podem ser divididos em até seis vezes nos cartões de crédito comuns e em 10 vezes no do próprio estabelecimento. Ou seja, um ovo de R$ 70 pode ser pago em 10 parcelas de R$ 7 ou em seis de R$ 11,66.
O Carrefour também repetirá a estratégia de anos anteriores, como “leve quatro e pague três” e 50% de desconto na segunda unidade.
Na Coop, até o dia 27 de março todas as aquisições de ovos de chocolate, bolo pascal, peixes, azeite, vinhos e chocolates também poderão ser pagas em 10 vezes sem juros no cartão Coop Fácil ou em seis parcelas nos demais cartões.
Já o Extra informou que neste ano diversificou as opções, com opções para todos os bolsos. Em nota, o grupo afirma que negociou com as grandes fabricantes nacionais e, atento às pesquisas de hábitos do consumidor, está reforçando as gôndolas com produtos infantis e em gramaturas menores.
Competitividade
Para tentar manter pelo menos os resultados do ano passado, outros estabelecimentos também usaram a criatividade e lançaram novidades para atrair o público. No caso da Suklaá Chocolates, que fica em Santo André, a estratégia foi apostar em sabores diferentes dos encontrados no mercado. “Neste ano fizemos ovos de abacaxi, que é trufado e tem pedaços da fruta em calda. Temos ovo de sorvete de baunilha com creme de chocolate e de chocolate com creme de Nutella (cacau com avelãs), além do inusitado sabor batata frita”, conta uma das sócias, Lígia Maria Gennari.
A loja também irá oferecer ovos com 30% de desconto, que contarão com embalagem do ano passado. “O chocolate é deste ano, mas a embalagem não. É uma maneira de atrair o consumidor”, afirma Lígia.
Na Padaria Brasileira, um dos proprietários, Antônio Henrique Afonso Júnior, 53, afirma que a tática para chamar atenção para o consumo é a produção de itens personalizados, com embalagens diferenciadas e com preço competitivo. “Estamos praticando aumento em relação ao ano passado, porém mais brando perante outros estabelecimentos. Com alta de 8%, optamos por abrir mão de lucro maior para alcançarmos mais vendas.”
Menores
As grandes fabricantes também ficaram atentas aos hábitos de consumo e diminuíram a gramatura dos produtos. A Nestlé reduziu os ovos Prestígio (360 para 240 gramas), Sensação (350 para 240 gramas), Galak (270 para 210 gramas) e Princesas (170 para 150 gramas). A Garoto encolheu o ovo dos Vingadores (150 para 120 gramas) e a Lacta fez o mesmo com o da Monster High (170 para 100 gramas).
Em nota, a Garoto e a Nestlé – ambas do mesmo grupo – afirmaram que realizaram realinhamento do portfólio, concentrando as opções nos ovos preferidos do consumidor.
Essa diminuição nos tamanhos, entretanto, não significa queda no preço. Conforme o Diário apurou, na Coop, o ovo Galak com menos chocolate está R$ 13,91 mais caro do que no ano passado, por exemplo.
Veículo: Jornal Diário do Grande ABC