Em tempos de instabilidade econômica vale tudo para ampliar a receita e diminuir os custos da operação. Locar espaços para lojas satélite virou a tendência entre algumas redes médias de supermercados, que passam a seguir os passos de líderes do setor.
Assim como têm feito as redes Hirota Supermercados, Joanin e Andorinha, a estratégia tem sido tratada pela Cooperativa de Consumo (Coop) como ótima alternativa em meio à crise, que começou a afetar as vendas no varejo supermercadista. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) calcula que o setor teve baixa de 1,9% na receita em 2015, em comparação ao ano anterior.
"Percebemos que há mais empreendedores e franquias procurando espaços para tocar seu próprio negócio. Isso, com certeza, é devido ao aumento do desemprego. Observamos esse movimento como oportunidade para aumentar as receitas e estamos realinhando o layout das nossas unidades", afirma o coordenador da área de expansão e gestão de locações da Coop, Francisco Filho.
De acordo com ele, o interesse também tem sido maior por conta do aumento dos custos de operação em shoppings, como aluguel e condomínio que são mais baratos nos locais montados na área interna dos supermercados. "Não consigo precisar exatamente o quão mais barato é, mas cobramos apenas o aluguel. Nos malls há aluguel, condomínio e, às vezes, participação nos resultados".
Atualmente, a varejista aloca 160 negócios em seus 2.700 m², distribuídos nas galerias instaladas em 13 lojas. "O perfil dos investidores vai de uma pessoa que pretende montar seu negócio, até franquias renomadas", conta.
Os pontos atrativos levaram Carlos Stuck, proprietário de uma loja 5àSec, a operar no piso inferior de um supermercado. Para ele, que está há oito anos no local, valeu a pena. "O supermercado tem um valor abaixo do shopping para locação", diz. A vantagem de ter uma loja nesse local em relação a rua, por exemplo, é a segurança, aponta. "Aos sábados, posso trabalhar em horário mais estendido. Na rua eu não conseguiria isso. E no shopping está impossível operar por conta dos altos custos".
A Associação Brasileira de Franchising (ABF) alerta, no entanto, que só procurar um espaço nos supermercados não basta. É preciso realizar um estudo de viabilidade, como em qualquer outro local. "Temos observado esse interesse de atuação. As redes atraem um fluxo grande de consumidores, mas os riscos também existem e precisam ser calculados", alerta o diretor de Inteligência de Mercado, Relacionamento e Sustentabilidade da ABF, Cláudio Tieghi.
Prontos para rentabilizar
A rede paranaense Condor inaugurou na última quarta-feira um novo espaço na cidade de Araucária (PR), pronto para receber lojas satélite. Com investimento de R$ 40 milhões, o empreendimento foi construído nos moldes para abrigar os inquilinos. "O objetivo é tornar o supermercado auto suficiente. A receita extra com os locadores nos ajuda nesse sentido", comenta o presidente do Condor, Pedro Joanir Zonta. Segundo ele, a rede deve inaugurar ainda no primeiro semestre outra loja com 64 espaços para lojas satélite em Joinville (SC).
Veículo: Jornal DCI