A alta taxa de natalidade no País tem ajudado a sustentar a expansão do segmento de produtos infantis, driblando os efeitos da desaceleração econômica. Mesmo assim, as fabricantes do setor adotam estratégias para manter o crescimento das vendas.
A empresa catarinense Tutti Baby conseguiu ampliar as vendas no último ano e espera repetir o desempenho em 2016. "Estamos na contramão de muitos setores, porque, mesmo com a crise, não para de nascer bebês, além de outros fatores que contribuem para o negócio", disse o diretor da empresa, Claudemir dos Santos.
Dados do Banco Mundial compilados pela consultoria Nielsen mostram que, enquanto a taxa de natalidade nos países desenvolvidos é de 11,2 nascimentos a cada mil habitantes. No Brasil esse índice chega a 14,9.
A diretora global de serviços profissionais da Nielsen, Liz Buchanan, destacou em relatório que, apesar da concorrência acirrada, "as oportunidades no mercado de cuidados com o bebê continuam sendo importantes".
Para o diretor da Tutti, a desvalorização do real no último ano levou a fabricante de carrinhos, cadeiras e produtos de puericultura leve a ganhar vantagem competitiva frente aos importados. No último ano, a moeda brasileira perdeu quase 50% de valor em relação ao dólar.
Com os varejistas brasileiros dando preferência ao produto nacional, Santos espera repetir o percentual de alta registrado no ano passado, quando o volume de vendas e o faturamento da empresa avançaram 15%. O resultado só fica aquém da expansão de 20% vista em 2014.
O executivo também aposta no lançamento de coleções menores, porém com maior frequência no ano, para manter as vendas em alta. "A diferenciação dos produtos, com o uso de estampas exclusivas e muito coloridas e o investimento na estrutura de assistência técnica são as nossas estratégias para sustentar o crescimento", revelou ele.
Outra aposta da empresa, criada em 2004, é a oferta de produtos com características de itens de maior valor agregado a um preço competitivo.
A fabricante de calçados infantis Bibi também está preocupada em oferecer produtos com preço acessível, mas não quer abrir mão do posicionamento como marca de calçados de maior valor agregado.
"A economia brasileira nos preocupa bastante e estamos focados em uma coleção que ofereça custo-benefício mais atraente para os pais. Mas não observamos uma desaceleração na demanda por produtos de maior valor agregado e não planejamos mudar nosso portfólio, porque já estamos consolidados como uma fabricante que oferece produtos com algo a mais", disse a gerente de estilo da Bibi, Rebeca Figur.
A empresa não tem planos de trabalhar com marcas licenciadas, mas e executiva reconheceu a influência de personagens infantis em algumas linhas de produtos da Bibi.
Personagens
O licenciamento de marcas, um dos termômetros da atividade no mercado infantil, tem registrado os efeitos da crise econômica. No entanto, o uso de personagens ainda é a estratégia de muitas empresas para elevar as vendas, observou a presidente da Associação Brasileira de Licenciamento (Abral), Marici Ferreira.
"A queda nas vendas afetou o licenciamento, mas o mercado continua apostando no personagem porque ele garante o giro dos produtos no varejo, um diferencial competitivo para as fabricantes", lembrou ela.
A fabricante de óculos Master Glasses projeta para 2016 um aumento de 10% e 12% no volume de vendas e faturamento, respectivamente, impulsionada pelas linhas licenciadas. Já as coleções infantis devem ter alta de 8% no faturamento este ano. "Os óculos com as personagens de Frozen, da Disney, lançados em janeiro deste ano tiveram uma saída muito boa e são uma das apostas para incrementar o resultado nos próximos meses", destacou a sócia-diretora da Master Glasses, Lais Sousa.
A fabricante baiana também vem investindo para internalizar a produção de óculos, como estratégia para ter preços mais competitivos. "Queremos encerrar o ano com 40% da produção nacional", citou Lais.
Veículo: Jornal DCI