A análise dos Índices de Confiança e de Expectativa elaborados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para o comércio e para o consumidor deixa claro como está sendo difícil para os diferentes agentes econômicos superar este período de crise e de transição histórica por que passa o País. O Índice de Confiança do Comércio (Icom) da FGV caiu 1,7 ponto em março em comparação com fevereiro, baixando para 67,1 pontos, o quarto pior valor da série histórica iniciada em março de 2010. O rápido agravamento da crise política, associado ao imobilismo do governo, turvou o cenário, tornando difícil antever os rumos da economia.
Apesar de tudo, o índice ainda avançou na média móvel trimestral, que, em março, subiu 0,7 ponto, na terceira alta consecutiva, o que, segundo a FGV, revela uma relativa estabilização da confiança do comércio desde outubro de 2015. Isso poderia ser interpretado como uma esperança de que a desaceleração das vendas tenha chegado ao fundo do poço, não podendo piorar mais.
Mas essa percepção não se estende ao Índice de Expectativas do Comércio (IE-COM), que caiu 2,0 pontos em março em relação a fevereiro, ficando em 73,3 pontos. A queda foi puxada pelo indicador que capta o estado de ânimo com relação à evolução das vendas nos três meses seguintes, que de fevereiro para março recuou 2,5 pontos. “O setor continua encontrando dificuldade para evitar a contínua queda das vendas e das margens de lucro”, como observou Aloísio Campelo, da FGV.
O que se verifica é que o consumidor está ligeiramente menos cético do que os comerciantes. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) caiu 1,4 ponto em março, diante de fevereiro, recuando para 67,1 pontos. Também o consumidor vê com menos pessimismo o futuro. Seu Índice de Expectativas (IE) recuou 0,4 ponto – 1,6 ponto menos do que o IE-COM – indo para 69 pontos em março.
O que se agravou para o consumidor no período foi sua percepção do que se passa neste momento, dada a redução do poder de compra das famílias, tão evidente na última Páscoa. O Índice da Situação Atual (ISA) caiu 2,8 pontos em março, para 66,3 pontos, o menor patamar da série histórica.
Seja como for, os Índices de Confiança da FGV estão muito distantes do máximo da escala de pontuação, que é de 200 pontos.
Poderia a ansiada definição na área política melhorar o quadro, ainda que lentamente? Por enquanto, é só uma esperança.
Veículo: Jornal O Estado de S. Paulo