O aumento da demanda mundial por café deve elevar ainda mais o nível da produção brasileira, segundo o CEO do Illycaffè, Andrea Illy. A estimativa do mercado é que o consumo global deve crescer em até 50 milhões de sacas no período de dez anos.
"O Brasil é um dos países mais favorecidos pelo aquecimento da demanda mundial. Já podemos verificar que nos últimos 20 anos a produção brasileira aumentou acima do crescimento de consumo mundial, o que significa que a parcela de mercado do País aumentou", disse ontem (6) aos jornalistas.
O CEO aponta o clima e a geografia nacional como os fatores responsáveis pelas perspectivas positivas. "O Brasil tem condições bastante diferenciadas no ecossistema para crescer, mesmo em novas regiões de produção", afirmou. "O tipo da geografia facilita muito a agricultura mecanizada, que é mais eficiente e competitiva também em termo de custos", continuou Illy.
Apesar da retração do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015, o agronegócio - em especial o café - tem sido o contraponto da economia nacional. A exemplo desse dinamismo, a empresa expandiu em 15% o seu volume de negócios e espera repetir o crescimento neste ano.
"[A estimativa é] de continuar assim. Nós somos produtores de café de altíssima qualidade. De nicho, trabalhamos muito com restaurantes de alta qualidade gastronômica, alguns internacionais, e acho que tem espaço para crescer. Também estamos abrindo novos territórios, novas cidades, expandindo fora de São Paulo, que sempre representa 60% do negócio", disse.
Com faturamento mundial de cerca de U$ 500 milhões, o foco de expansão da torrefadora italiana no Brasil será a região Sul e locais com altitude acima de 700 metros, o que deve elevar a sua atuação com o café do tipo arábica . Apesar de ter um grão de alta qualidade, o café do País peca por ainda não ter um grande trabalho de publicidade, o que poderia aumentar a sua presença no mercado internacional.
Para Illy, a promoção de uma marca nacional é um trabalho complicado, já que os consumidores buscam "variedade". "A Colômbia faz uma grande promoção do seu café, precisaria de uma organização similar. Mas eu tenho um pouco de dúvida, porque os consumidores buscam a variedade, e variedade no mercado do café significa origem de países diferentes. Assim, organizar toda uma cadeia distributiva global e centrada em somente uma origem geográfica poderia não ser um grande sucesso", avalia.
O CEO do Illycaffè entende que a crise econômica será "passageira" e que o nível do câmbio deve se manter estável no longo prazo. Segundo ele, uma das coisas a serem aprimoradas no país é o planejamento "institucional" da cafeicultura. "A melhor coordena- ção e transferência de recursos para o produtor são formas de aproveitar a oportunidade de consumo no mundo", finalizou o executivo.
Veículo: Jornal DCI