Modelo de loja eletrônica sem estoque atrai comerciantes por reduzir custos

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Muito comum no comércio eletrônico norte-americano, o dropshipping, sistema de gestão da cadeia logística que elimina a necessidade de estoque, vem ganhando força no mercado brasileiro. Com a crise, comerciantes enxergam no modelo uma forma de reduzir custos e eliminar capital parado em estoque.

A ideia parece simples: o comerciante exibe o produto em seu e-commerce e quando a compra é finalizada solicita ao fornecedor que entregue o item direto ao consumidor, eliminando uma etapa da cadeia e diminuindo os custos da operação. Apesar das vantagens, especialistas apontam que o modelo traz diversos desafios na execução. O principal deles está relacionado ao prazo de entrega das mercadorias, já que ele aumenta muito em comparação aos e-commerces, que possuem estoque próprio.

"O prazo de entrega no comércio eletrônico é em média de 10 dias. No sistema de dropshipping, sobe para 40", diz o cofundador da E-bit e relações institucionais do Buscapé Company, Pedro Guasti. De acordo com ele, as empresas que adotam esse sistema devem tomar cuidado para informar aos consumidores um prazo de entrega adequado e tomar precauções para que esse prazo seja cumprido.

Para garantir esse controle, o uso de tecnologias que auxiliem no acompanhamento simultâneo de todo o processo é fundamental, aponta o especialista em comércio eletrônico e diretor da EZ Commerce, Mauricio Correa.

Exemplo de sucesso

O e-commerce de móveis e materiais de construção MadeiraMadeira parece ter percebido isso, ao desenvolver um software próprio. O programa permite que a empresa acompanhe em tempo real o estado do estoque dos mais de 200 fornecedores parceiros da loja, com informações de todos os itens disponíveis.

Para o CEO da MadeiraMadeira, Daniel Scandian, essa estratégia foi essencial para garantir que todo o processo funcionasse corretamente. "Estamos há quatro anos investindo nesse software e os resultados são ótimos. Não daria para administrar os mais de 25 mil pedidos mensais que recebemos sem ele", afirma.

O modelo adotado pelo empresário difere um pouco do dropshipping tradicional, já que, apesar de não possuir estoque próprio, a entrega dos produtos é por conta da empresa. "Quando a compra é finalizada vamos até o fornecedor, coletamos o produto e entregamos para o cliente", diz Scandian. De acordo com ele, isso contribui para que os prazos sejam cumpridos.

A maior dificuldade sentida por ele para a implantação do sistema foi na negociação com os fornecedores. "Houve uma resistência no início. Mas a crise ajudou, porque como eles também precisavam vender mais, foi mais fácil ter essa flexibilização", diz.

O sistema com o uso do software foi adotado pela empresa em janeiro de 2015 e, segundo o empresário, garantiu que a companhia terminasse o ano com um faturamento de R$ 88 milhões e lucro na casa dos dois dígitos. Para 2016, a previsão é de que esse valor cresça para R$ 140 milhões.

Modelo com importações

Outra vertente do modelo e muito comum entre pequenos comerciantes é o dropshipping internacional. A prática consiste em oferecer produtos de fornecedores de outros países em lojas virtuais e depois encomendar as mercadorias para o cliente. "É como se o comerciante fosse um intermediário entre o fornecedor internacional e o cliente", diz o vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, Rodrigo Bandeira Santos.

O sistema é um pouco mais complicado, aponta o especialista. "Nesse sistema, há a questão da taxa alfandegaria, que sempre é ônus do cliente e que pode causar conflitos se não for informada previamente ao consumidor", afirma. Para o presidente da Associação Brasileira dos distribuidores de TI (Abradisti), Mariano Gordinho também há um risco maior em trabalhar com fornecedores desconhecidos, já que não há nenhuma garantia de que o produto seja entregue e em perfeita condição.

 



Veículo: Jornal DCI


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