Com a expectativa de que o "novo governo" do país tenha condições de ajustar e estabilizar a economia e, com isso, trazer de volta a confiança do setor produtivo, o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de São Paulo (Sindtextil), Alfredo Bonduki, acredita na retomada, a médio prazo, do desenvolvimento e da expansão do nível de emprego.
Sem se referir diretamente ao processo de impeachment da gestão Dilma Roussef (PT), que agora tramita no Senado, Bonduki, que estará no próximo dia 28, quinta-feira, na sede regional do Ciesp em Sorocaba para uma reunião com empresários ramo têxtil, disse ao Cruzeiro do Sul que os gargalos do setor, apesar de muitos, já foram piores. "O quadro atual ainda é recessivo e precisamos recuperar o ritmo das exportações para que o consumo volte a crescer".
Bonduki disse que de dois anos para cá os investimentos do setor no Estado de São Paulo caíram do patamar de US$ 1 bilhão para US$ 400 milhões, redução, portanto, da ordem de 60%. Isso se deve, explicou ele, a fatores como a política cambial e à consequente concorrência asiática, mais exatamente àquela comandada pela China. "Sofremos muito no período de 2005 a 2015 com as ações de valorização contínua da moeda norte americana, o que resultou num aumento explosivo das importações. Isso fragilizou e tornou a indústria cambaleante".
Outra preocupação do Sindtextil está relacionada ao que o dirigente chamou de "falta de interlocução com o governo federal". "Nos últimos cinco anos tentamos ser atendidos em audiência pela presidente, mas não conseguimos levar a agenda adiante. Infelizmente, não dispusemos de espaço para falar de nossas demandas e reivindicações". A questão da taxa de juros é outro transtorno que as empresas do setor têm de administrar. Diferentemente de outros países, onde inexiste ou até é negativa a taxação, no Brasil, reclama Bonduki, isto não acontece. "É preciso vencer essa barreira e insistir para que critérios mais justos sejam adotados no momento da cobrança dos juros".
O presidente do Sindtextil lembrou que Sorocaba foi um importante polo industrial do ramo têxtil, e ainda ocupa posição de destaque em nível estadual. "Depois de Americana, é a nossa segunda maior região", contou. Números da entidade revelam que as 263 empresas aqui instaladas concentram 7,5 mil trabalhadores formais, dos quais 320 foram demitidos nos dois primeiros meses de 2016. O faturamento do setor na região em 2015 foi de R$ 1 bilhão.
Veículo: Site Cruzeiro do Sul