Contra a crise, estabelecimentos adotam nova forma de comércio.
Em tempo de crise e de mudanças de hábitos de consumo, os empresários estão mudando de tática. No Entroncamento, em Belém, gigantes das vendas por atacado (comercialização de grandes quantidades de produtos) passaram a vender no varejo. É o chamado ''Atacarejo'', que agrada as donas de casa, os pequenos e os médios comerciantes, que costumam frequentar os atacados para revender as mercadorias em outras praças.
Gerente da maior rede de atacados no Entroncamento, Jorge Sales, explicou que o supermercado iniciou há 12 anos somente com o atacado, nos últimos cinco anos passou a vender meia caixa de produtos, daí o nome meio a meio, e mais recente vende também por quilo e até por grama, a exemplo de charque, bacon e chouriço.
"A gente teve de se adaptar à realidade'', disse o gerente. "É de acordo com a necessidade do consumidor, ele passou, praticamente, a exigir isso. Então, hoje temos a caixa completa, a meia caixa e a unidade, atendemos todos os públicos'', afirmou Jorge Sales.
Na área de alimentos do estabelecimento gerenciado por Sales, o consumidor encontra tudo a partir de um quilo, seja o feijão, o arroz, o açúcar e óleos. Charque, bacon e chouriços são vendidos por grama. ''É o atacarejo. É a evolução, as coisas foram mudando e havia a necessidade da dona de casa, então nós estamos seguindo, nos adaptando a isso. Atendemos assim a dona de casa e quem tem mercearias, quitandas, pequenos comércios, até ribeirinhos que vêm e compram conosco para revender'', assegura gerente.
A doceira Rosa Maria Sobral, 64 anos, frequenta os supermercados da região do Entroncamento há, pelo menos, 23 anos desde que se mudou para a casa em frente ao shopping Castanheira. Ontem, ela estava num supermercado local e perguntada sobre os preços atuais, disse: ''já foi melhor, mas em relação a outros supermercados, que vivem aumentando, ainda é uma boa opção. É acessível. Eu compro o básico por unidade. Por exemplo, o leite aqui é bem mais barato. Esse está R$ 18, o quilo, em outros lugares está há R$ 20 e até mais caro. Essa mudança para a unidade facilitou para mim. A carne aqui também tem preço bom'', afirmou a doceira.
''Está um absurdo. No mês passado, o feijão cavalo estava a R$ 7,20, agora eu chego e está R$ 8,60. Como é que o brasileiro vai viver com o salário mínimo? Não tem condições'', reclamava a dona de casa Daniele Lima de Souza, 28 anos, na companhia de um filho pequeno, no mesmo supermercado de Rosa.
Veículo: Jornal O Liberal - PA