Os estados do Paraná e São Paulo firmaram, na última segunda-feira (16), um acordo de cooperação para a agropecuária. O objetivo é ter medidas conjuntas e intensificar a troca de informações em áreas como pesquisa, inovação e sanidade animal.
O compromisso, firmado durante a Exposição Agropecuária de Maringá (Expoingá), envolve a sinergia entre institutos de pesquisa, como o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati).
"Nós temos uma grande expertise em mandioca, e São Paulo possui inteligência em fécula de mandioca com a Fundação Oswaldo Cruz. Nós devemos atuar em conjunto", explicou ao DCI o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), Norberto Ortigara.
Outro ponto é a conservação do solo em culturas como a cana-de-açúcar. "Com o advento da mecanização, a máquina compacta o terreno e exige linhas definidas de plantio. Isso nos levou a discussões sobre as linhas e os terrenos, o que deve ser feito junto ao Estado do Paraná", explicou o secretário da Agricultura e Abastecimento de São Paulo (SAA), Arnaldo Jardim.
Controle sanitário
Uma das cobranças do setor agrícola, que será levada hoje pelos secretários estaduais da agricultura do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, ao recém-empossado ministro da Agricultura, Blairo Maggi, é a maior fatia da União no gasto com sanidade animal.
"O governo federal investe 1% em sanidade e os estados bancam o custeio, que é o grosso dos investimentos", criticou Ortigara.
O controle de pragas e a sanidade animal também unem os dois estados.
Considerado livre da febre aftosa com vacinação, o Paraná deve ter sua área confirmada pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), na próxima semana, também extinta da peste suína clássica - o que o estado paulista espera anunciar ainda neste mês.
"Queremos manter a biosseguridade para nos precavermos de uma eventual influenza aviária. Essa parceria dá início a uma ação sem fronteiras", disse Jardim.
Ele cita a diferença no combate às pragas na citricultura como uma das questões a serem analisadas.
"Como temos incidência de gremlin, optamos pelo extermínio da planta. Lá, eles têm o manejo integrado como forma de combate. Estamos trocando informações sobre os prós e contras dessas metodologias", destacou o secretário paulista.
Para o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Junqueira, os estados têm características díspares, mas complementares.
"No Paraná, são propriedades menores e participação intensa das cooperativas. Em São Paulo, a predominância é de vários blocos de atividade agrícola, como cana-de-açúcar e a laranja. Em ambos, há a indústria de papel. Quanto mais integração, melhor", afirmou.
Pesquisa
Outro foco da colaboração entre Paraná e São Paulo será a disseminação de pesquisas agropecuárias.
A expectativa é incentivar a cooperação entre associações dos produtores e cooperativas. "Esperamos que isso contamine o setor", destacou Jardim.
"É uma oportunidade para a difusão dos estudos. A pesquisa da agropecuária está encastelada nas universidades e na Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária], mas ela não está sendo difundida e não tem uma orientação prática", observa Junqueira.
Veículo: Jornal DCI