Custo de insumos aumentou e já reflete no preço do produto nas prateleiras. Segundo produtores de leite, captação caiu em torno de 8% no estado.
Os custos com insumos e alimentação do gado já refletem no preço do leite, que no Sul de Minas está 17% mais caro para o consumidor final. Com isso, muitos produtores estão abandonando o ramo e somente neste mês a captação de leite em Minas Gerais caiu 8%.
No supermercado, a artesã Marjori Andrade Pereira está sempre de olho no preço. “Eu passo dando uma olhadinha, pesquisando nos mercados para ver onde encontro o menor preço”, disse.
Mas, em um supermercado em Pouso Alegre (MG), a caixinha mais em conta sai a R$ 2,59. Comprar leite por menos de R$ 2, só na promoção. “Faz muito tempo eu achei por R$ 1,88, mas faz muito tempo mesmo”, lembrou o agenciador de carga Hélio Batista de Jesus.
Para o vice-presidente regional da Associação Mineira de Supermercados, o aumento do preço do leite afeta diretamente no consumo. “O cliente não está abrindo mão de ter o leite em casa e está excluindo itens mais supérfluos da sua lista para ter o leite em casa”, explicou Fernando Henrique Maglioni .
Contudo, se o leite está chegando mais caro nas prateleiras, a explicação está no campo. Isso significa que o custo da produção aumentou cerca de 30%. A causa está na mistura que leva milho e soja e serve de alimento às vacas, que está 50% mais cara do que em 2015.
Além disso, durante o período de estiagem, o produtor gasta mais com a alimentação do gado. Uma propriedade na região adotou o sistema de confinamento há 2 anos. Nela, o trato é fundamental para manter a produção de 5,2 mil litros por dia, no entanto, está difícil equilibrar as contas.
“Está muito caro produzir o leite. Eu ganho R$ 1,20 pelo livro, mas o preço de custo é o mesmo. Está praticamente empatando o sistema. O que segura as pontas é que parte do leite é processado no laticínio da propriedade e aí conseguimos agregar algum valor”, disse Flávio Ribeiro de Castro.
Porém, o alto custo da produção está desanimando os produtores. Tem muitos que decidiram abandonar a atividade. Uma cooperativa na região já registra uma queda de 30% na captação de leite nos últimos dois anos.
“O produtor não está aguentando produzir leite e está indo para o gado de corte. Com essa situação, faltou leite no mercado e as firmas pagaram mais, mas o produtor diminuiu mais em função do aumento nos insumos. O consumidor está perdendo, o produtor e o supermercado também”, esclareceu José Guilherme Stegmann Azevedo, vice-presidente da Cooperativa Agropecuária do Vale do Sapucaí (Coopervass).
E esta cadeia em crise reflete na captação em todo Estado. Em março, a produção caiu 8% e para que não haja um abandono nas ordenhas, os produtores pedem incentivo ao setor. “Há uma preocupação que as autoridades devem ter e apresentar soluções para esta cadeia de leite. Do jeito que está vai ficar muito difícil o produtor ficar no leite”, acrescentou Azevedo.
Veículo: Portal G1