A produção de café em Minas Gerais foi estimada em 28,49 milhões de sacas na safra 2016, incremento de 27,8% sobre a safra anterior, que foi prejudicada pela estiagem. Do volume total a ser colhido, 28,18 milhões de sacas são de café arábica e 318,4 mil sacas de café conilon. Os dados foram divulgados ontem, em Belo Horizonte, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Minas Gerais será o responsável por 57% da produção nacional, que foi estimada em 49,67 milhões de sacas, aumento de 14,9%.
No Estado, a área total de café em produção é de 1 milhão de hectares, espaço 4,04% superior ao registrado na safra passada. A área total em produção e formação é de 1,18 milhão de hectares, representando 67% da área nacional ocupada pelo café. A produtividade média do Estado ficou em 28,27 sacas por hectare, ganho de 22,82% em relação ao resultado obtido na safra 2015.
Durante o evento, o secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, João Cruz Reis Filho, destacou que a retomada do crescimento da produção de café em Minas Gerais, após dois anos de perdas promovidas pelo clima adverso, é muito positiva para o Estado. Ele frisou ainda que Minas Gerais tem o café como principal item do agronegócio e um dos produtos mais importantes para a economia no Estado, com destaque na balança comercial, que em janeiro teve o produto como o principal, superando os embarques do minério de ferro.
“De cada US$ 100 que ingressam no Estado com as exportações, US$ 20 vem do café. A recuperação produtiva é fundamental por gerar maior renda para o produtor e por contribuir para que o Estado supere o momento de crise. Além disso, a recuperação da produção mostra ao mercado internacional que, após dois anos de perdas provocadas pela estiagem, conseguimos manter o abastecimento mundial sem deprimir o preço para o produtor. É um sinal para os demais países produtores de que Minas Gerais e o Brasil não estão mortos, por que senão haveria o desencadeamento do plantio de café em outros países, aumentando a oferta e prejudicando a formação de preços”, disse Reis Filho.
Mesmo com uma produção nacional 14,9% superior, o presidente interino da Conab, Igo dos Santos Nascimento, acredita na manutenção dos preços do café nos patamares atuais. A saca de 60 quilos, no dia 23 de maio, foi negociada em torno de R$ 455, conforme os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
“Não tem nenhum risco de os preços do café caírem e, provavelmente, vão continuar os mesmos. O aumento de produção é significativo, mas não interfere diretamente nos preços do mercado. Os estoques estão controlados, dentro da medida aceitáveis pela economia e pelo mercado”, explicou Nascimento.
De acordo com o superintendente de Informações do agronegócio da Conab, Aroldo Antônio de Oliveira Neto, o clima se mostrou favorável para a cafeicultura na safra 2016, em Minas Gerais. As chuvas, ocorridas no último trimestre de 2014 e ao longo de quase todo o primeiro semestre de 2015, contribuíram para a recuperação das lavouras, para o crescimento dos ramos produtivos e para o enchimento de grãos. A forte estiagem ocorrida ao longo de abril provavelmente não comprometeu a produtividade das lavouras, visto que os grãos já se encontravam bem formados e granados no período.
Apesar da alta dos preços dos insumos, grande parte dos produtores procurou manter os tratos culturais dentro da normalidade, adubando e fazendo aplicações de fungicida e inseticida de solo em face dos preços de mercado do café e da expectativa de crescimento da produção em 2016, visando ao incremento da renda e a quitação de eventuais débitos pendentes devido à frustração das últimas duas safras. O clima e a manutenção dos tratos foram fundamentais para o ganho em produtividade.
“Observamos que, na média de Minas Gerais, os custos de produção de uma saca de 60 quilos cresceram cerca de 5% na comparação de junho de 2016 com igual mês de 2015, enquanto os preços do café subiram em torno de 10%. Desta forma, o cafeicultor manteve a rentabilidade e as condições de investir nas lavouras”, explicou Oliveira Neto.
O aumento de 27,78% na produção estadual é pautado, principalmente, pela expansão observada nas regiões do Cerrado e Sul de Minas. Para a região da Zona da Mata, que apresenta bienalidade invertida em relação ao Estado, a estimativa é de redução da produção.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG