Uma empresa de vestuário que faz ajustes de acordo com o corpo de cada cliente. Esse é um exemplo do que o Sindicato do Comércio Varejista (SinComércio) de Bauru procura dizer: agregar serviços aos produtos é uma opção para driblar a crise. Com o intuito de discutir esse e outros temas, o órgão se reuniu junto a entidades da região (leia mais abaixo). O evento contou com a presença do superintendente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Antonio Carlos Borges.
A alternativa de se diferenciar das demais empresas de um mesmo segmento é sugerida pelo presidente do SinComércio de Bauru, Walace Sampaio. Segundo ele, sempre há espaço para inovação e, atualmente, ela se concentra na ideia de vender uma solução - ao invés de apenas um produto - ao cliente. “Uma empresa que vende ar-condicionado pode muito bem oferecer, ainda, a sua instalação”, dá outro exemplo.
O conselho é voltado aos pequenos empresários, porque os grandes têm maior capacidade de sobreviver apenas com o comércio tradicional, mesmo em tempos de crise. “Eles conseguem acertar os preços e a escala de compra dos produtos. Por isso, os pequenos têm de buscar um diferencial em relação aos grandes e a chave está na prestação de serviços, seja qual for o segmento que eles trabalham”, argumenta o presidente do SinComércio de Bauru.
Segundo Sampaio, outra opção para driblar a crise é a flexibilização do horário de trabalho, de acordo com o do público-alvo. “Não falo em aumento de horas trabalhadas, porque isso implica em pagamento de horas extras. Em Bauru, temos o horário padrão, mas será que ele atende ao interesse do meu público-alvo? Em qual horário o consumidor tem mais disponibilidade para procurar minha empresa?”, questiona.
Dias melhores
Com o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT), a FecomercioSP vê uma ligeira recuperação da economia até o final deste ano, conforme aponta o superintendente e economista do órgão, Antonio Carlos Borges. “Os indicadores de confiança dos empresários e dos consumidores revelam o espírito dos agentes econômicos em relação à situação atual e ao que esperam para o futuro. Os dados mostram melhora nas expectativas”, acrescenta.
Contudo, Borges destaca que o governo ainda não está consolidado e não dá para saber se a previsão vai se concretizar. “Não haverá grandes mudanças e acredito que a recuperação da economia se dê em um processo muito lento, porque depende de modificações, começando pela reforma política. Se houver avanços nesse sentido, o presidente interino terá folga para reduzir a taxa de juros até o final do ano, o que facilitará os negócios”, defende.
O presidente do SinComércio de Bauru, Walace Sampaio, tem uma visão ainda mais otimista do futuro da economia brasileira e ela se dá também por uma questão política, conforme ele explica. “A manifestação da sociedade, seja a favor ou contra o governo, é capaz de garantir a eficácia do Estado, porque a população está atenta e vai continuar pressionando. Esse embate político deve existir, independentemente das convicções que estão em jogo”, pontua.
‘Oásis’
Nem todos os segmentos do comércio varejista sofrem com a crise. O “oásis do deserto”, como aponta o superintendente da FecomercioSP, Antonio Carlos Borges, é o setor de farmácias, que oferece produtos considerados inelásticos. “De forma geral, os consumidores estão disciplinados a conviver com a crise, porque esta não é a primeira do País, e passaram a cortar o que consideram supérfluo”, justifica.
Reunião também tem foco nas eleições
Representantes de sindicatos patronais ligados à FecomercioSP estiveram reunidos na sede do SinComércio de Bauru, localizada na avenida Nações Unidas, 17-45, na Vila Santo Antônio, na manhã do último dia 17. Entre os temas abordados, as entidades discutiram algumas propostas aos futuros candidatos às prefeituras de Bauru e região. Uma delas pede a eliminação de feiras itinerantes, que, segundo os sindicatos, são concorrentes desleais.
Outro assunto discutido em reunião diz respeito à data-base dos trabalhadores do varejo, que será em setembro. Mensalmente, a FecomercioSP promove encontros com os sindicatos ligados a ela. Até 2015, os eventos eram feitos na sede do órgão, que fica na Capital. Contudo, neste ano, a instituição vem ao Interior para trazer seus conteúdos. Antes de Bauru, Marília e Botucatu sediaram iniciativas semelhantes, mas nos meses anteriores.
Veículo: Site JCNet