Na visão do diretor da Abia, Vicente Manzione, a atividade da indústria alimentícia parou de cair, mas ainda demora para retomar a rota do crescimento. O setor projeta expansão de apenas 0,5%
São Paulo - Depois de amargar uma queda de 3% no ano passado, as fabricantes brasileiras de alimentos começam a perceber estabilidade nos níveis de produção e executivos do setor já acreditam que o pior momento da atividade passou.
"Não há melhora evidente no curto prazo, mas um início de recuperação, pois não é fácil recuperar o que foi perdido. O que vemos é que parou de cair, agora vamos passar pela estabilidade para depois poder voltar a crescer", afirmou ao DCI o diretor do Departamento da Micro, Pequena e Média Indústria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e diretor da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), Vicente Manzione.
Na visão dele, serão necessários mais dois anos para que o País retome o nível de consumo visto há três anos.
A última estimativa da Abia era de crescimento de 0,5% da produção física, em um cenário positivo. Em um quadro negativo, a entidade prevê baixa de 0,8%.
O dono da Baptistella Alimentos, José Élcio Baptistella, aposta todas as fichas nas vendas do segundo semestre deste ano. Para o período, tradicionalmente melhor, em termos de vendas, a empresa está preparando uma forte ação de divulgação das marcas.
A fabricante de massas prontas para bolos, farinhas e salgados teve retração de 50% nas vendas nos primeiros seis meses de 2016, se comparado ao mesmo período do ano passado, calcula o empresário.
"As pessoas estão comprando menos. Mas deve melhorar porque não tem como cair mais", acredita ele.
O presidente da Associação Brasileiras das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), Cláudio Zanão, nota uma melhora do quadro econômico, mas estima resultados sólidos só em 2017. "Os empresários estão mais animados. Quem sabe 2017 nos traga resultados mais sólidos."
A paranaense Gelly Fruit, que produz doces e sorvetes, também vislumbra um cenário melhor a partir da segunda metade deste ano. "Daqui para frente o mercado deve aquecer cada vez mais", avalia o diretor de novos negócios, José Edson Sperandio, baseado em sinais de reação da atividade.
Ele destacou também uma série de ações em pontos de vendas, lançamento de produtos e a ampliação da carteira de clientes nos próximos meses. "Essas medidas indicam que teremos resultados melhores", disse. A previsão da fabricante é terminar este ano com expansão de 5% nas vendas em relação a 2015.
Gigante no ramo de laticínios, a Vigor também vê uma melhora do desempenho até o final de 2016. De acordo com o gerente de pesquisa e desenvolvimento da companhia, William Wenceslau, a meta é elevar a taxa de crescimento do lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês) para 7% ante 2015. Entre janeiro e março, o Ebitda consolidado da Vigor somou R$ 58,3 milhões, alta de 5% sobre igual intervalo do ano passado.
"Queremos continuar engrenando para melhorar cada vez mais", afirmou ele, destacando que "a indústria [alimentícia] como um todo deverá se sair melhor este ano".
Exportações
A companhia também está perto concluir os trâmites para comercializar seus produtos no mercado norte-americano. Segundo Wenceslau, dentro de dois meses a companhia terá uma linha de requeijão nos Estados Unidos e, dependendo da aceitação dos consumidores daquele país, outros produtos podem ser testados por lá.
"Queremos conquistar novos mercados", ressaltou o executivo. A empresa já exporta para Chile e Angola.
Na visão de Vicente Manzione, da Fiesp e da Abia, o câmbio continua configurando uma cenário positivo para exportações. "É um ponto que nos favoreceu recentemente".
A Abia projeta entre US$ 35 bilhões e US$ 38 bilhões em embarques em 2016, ante US$ 35,2 bilhões no ano passado.
Veículo: DCI