Desvalorização do real frente ao dólar e recuo da cotação na Bolsa de Chicago pressionam valor da saca do grão no Brasil
O preço da saca de soja teve o movimento de alta interrompido nas últimas duas semanas, após se aproximar da marca histórica de R$ 100 nos principais portos brasileiros. Pressionada pela desvalorização do real frente ao dólar e pelo recuo da cotação na Bolsa de Chicago, a commodity passou a fechar mais próxima dos R$ 90 do que dos três dígitos.
Nesta segunda-feira, o preço da saca no porto de Rio Grande chegou a R$ 93,60, recuperando a forte queda da última sexta-feira, quando caiu para R$ 90 – reflexo também dos movimentos financeiros da decisão do Reino Unido de se desligar da União Europeia.
Mesmo com a reação, o valor ainda é inferior ao pico de R$ 98, batido na metade do mês. Embora ainda pequena, a baixa foi suficiente para retrair as vendas do grão. Com mais de 70% da safra passada comercializada e entregue, os produtores gaúchos não têm pressa alguma em colocar o produto no mercado.
– O comportamento em segurar o grão impediu que os preços caíssem mais – explica Flávio França Junior, consultor de mercado agrícola.
A postura é recomendável, já que o movimento de baixa deve ser momentâneo, segundo analistas de mercado.
– O agricultor está capitalizado, vendeu bem a maior parte da produção, pode esperar melhor momento – avalia Luiz Fernando Gutierrez Roque, consultor de mercado da Safras & Mercado.
A perspectiva é de que o dólar supere novamente os R$ 3,50 no câmbio brasileiro e de que os baixos estoques nas indústrias processadoras voltem a pressionar os preços nos próximos meses.
– O melhor agora é esperar. Tem muita água para rolar ainda – avalia França.
O consultor refere-se ao andamento da safra americana, onde o plantio da soja recém foi finalizado. Até agora, as boas condições climáticas têm ajudado a segurar as cotações da commodity. Qualquer sinal do La Niña, no entanto, já será suficiente para nova valorização. Para quem pode se dar ao luxo de esperar, paciência e estratégia sempre são os melhores aliados.
Veículo: Jornal Zero Hora