Apesar do consumo do produto ter crescido 2,2% entre 2015 e 2016, não há segredos: para não ter números negativos no fim do mês, lojas têm de ampliar cardápio e investir em promoções
São Paulo - Para driblar a queda de consumo de produtos gelados no inverno, as sorveterias traçam estratégias que vão desde campanhas para mudar o hábito de consumo do cliente à já conhecida estratégia do setor: ampliar o mix de produtos.
Especialistas e lojistas consultados pelo DCI afirmam: "não há segredos". Durante o período mais frio do ano, as vendas recuam, em média, 15%, e é preciso trabalhar o cardápio para aumentar as opções dos consumidores.
De acordo com o sócio da consultoria BA|Stockler, Luís Stockler, esses tipos de medidas para driblar a queda nas vendas são boas armas para o lojista deste ramo de gelados. "É muito positivo trabalhar o sorvete ou açaí como produto de consumo prazeroso e não refrescante, como é no verão. Os lojistas devem se atentar à questão de estoques, principalmente na escolha dos produtos na época mais fria, quando alguns insumos, como o wafle, por exemplo, são bem vindos."
O incentivo do consumo de sorvete foi uma das alternativas encontradas pela rede Oggi Sorvetes. A rede implementou uma campanha em que prática de compra do produto se torne mais programada, e não impulsiva, como é atualmente. "Acreditamos em um novo comportamento de compra ao oferecer uma grande variedade de sabores a preços acessíveis. Comprando no atacado, o consumidor tornará o consumo do sorvete mais frequente", estima a diretora de franchising da Oggi Sorvetes, Marina Gentil.
A companhia recentemente inaugurou o que ela classifica como "supermercado de sorvetes", trazendo o modelo de negócios semelhante ao varejo atacadista para a sorveteria. Assim como observado no atacado, a loja deve praticar preços abaixo do mercado.
"Este [preço] é o nosso grande diferencial. Assim, estaremos atuando diretamente sobre o hábito de consumo do cliente, pois a partir do momento em que ele estoca o produto em casa, a influência da estação climática diminui. Além disso, oferecemos compostos por sorvetes, como tortas geladas, e salgados", conta.
Com dez lojas em operação, a rede espera contar com até 100 unidades até o início do verão, quando o consumo de sorvetes volta a acelerar.
Apesar dos brasileiros terem retraído o consumo de supérfluos entre 2015 e 2016, de acordo com a Kantar Worldpanel, o volume de sorvetes comercializado entre março do ano passado e o terceiro mês deste ano aumentou 2,2%. O faturamento das lojas no setor também cresceu: 4,2%.
Açaí
Tradicional fruto da Região Norte do País, o Açaí caiu no gosto do consumidor brasileiro e motivou empreendedores a investir no insumo. Franquias como a Fast Açaí e Açaí Villa Roxa, por exemplo, chegam a faturar mais de R$ 1 milhão ao mês com a venda da fruta batida. Porém, no inverno, é preciso também ampliar o cardápio, já que a iguaria é consumida gelada.
"Estamos lançando um novo produto para suprir essa queda nas vendas do açaí. Criamos um bolo fitness e oferecemos café, que cai muito bem no inverno. Nessa época, também apostamos em ações de fidelização, como promoções e cartões com descontos", explica o coordenador de franquias da Fast Açaí, Vilmar Tavares.
O conceito de negócios durante o frio é espalhado em cada uma das 130 unidades da rede, inclusive nas duas em solo norte-americano.
Até o final deste ano, Tavares espera que a rede esteja com mais de 170 unidades em operação. Com um faturamento estimado em R$ 15,7 milhões em 2015, este ano a meta é dobrar essa receita.
A mesma estratégia de ampliar o cardápio no inverno é adotada pela concorrente Açaí Villa Roxa. Depois de avançar 130% em 2015, a perspectiva é avançar no mesmo ritmo este ano. "Nesta época, apostamos em sanduíches quentes, inclusive com filé mignon ou salmão, além da salada grelhada. Também investimos em uma fábrica própria para produção, o que nos ajudou a crescer", afirmou o fundador da rede, Jefferson Domingos.
Veículo: DCI