Exportação de manufaturados cresce 7% em julho e saldo bate novo recorde

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Uma plataforma de petróleo, tubos ferro e açúcar refinado puxaram as vendas dos produtos de maior valor agregado; especialistas também destacaram substituição de importações neste ano


São Paulo - A exportação de manufaturados brasileiros rendeu US$ 6,563 bilhões em julho, alta de 7,3% na comparação com igual período de 2015. Com a ajuda do setor, a balança comercial alcançou superávit recorde, de US$ 28,230 bilhões, neste ano.
 
Os dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, divulgado ontem, mostram também que a venda de uma plataforma de petróleo, por US$ 923 milhões, foi o principal motivo do avanço das mercadorias de maior valor agregado.
 
Ainda subiram os embarques de tubos flexíveis de ferro e aço (+160,9%), açúcar refinado (+66,9%), máquinas de terraplanagem (+23,3%), etanol (+15,2%), pneumáticos (+13,1%), torneiras e válvulas (+11,4%), veículos de carga (+9,5%), automóveis de passageiros (+3,5%) e partes de veículos (+3%).
 
"A redução expressiva do déficit comercial da indústria de transformação tem favorecido o ajuste do setor externo da economia brasileira", avaliou Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
 
Segundo ele, o resultado negativo do setor não chega a 10% do déficit comercial registrado em 2015. As causas desse movimento seriam o recuo das importações e a "reativação" das exportações de alguns ramos da indústria.
 
Entre as áreas favorecidas por uma reação dos embarques, Cagnin destacou máquinas e equipamentos, automóveis, informática, alimentos e bebidas. "Já têxteis, calçados e couro, que tinham déficit comercial em 2015 e agora têm superávit, crescem graças ao processo de substituição de importações", acrescentou.
 
As empresas que deixam de comprar do exterior e passam a adquirir produtos nacionais "nem sempre encontram alternativas com a mesma qualidade", afirmou Paulo Dutra, coordenador do curso de economia da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Por outro lado, o especialista ponderou ao DCI que essa troca "favorece o fornecedor interno, que tem mais chance de crescer e ganhar em competitividade".
 
Sobre o futuro das exportações da indústria de transformação, Cagnin disse que as vendas devem continuar crescendo nos próximos meses, mas ressaltou que variações cambiais poderiam prejudicar essa trajetória. "A taxa [de câmbio] se apreciou 20% em seis meses, isso atrapalha muito as exportações industriais."
 
"Essas mudanças do real dificultam o cálculo de rentabilidade pelas empresas, a precificação no mercado internacional, e impõe risco sobre a cadeia em que o produto brasileiro vai entrar como insumo", explicou.
 
Balança comercial
 
De janeiro a julho deste ano, o saldo comercial acumulou superávit de US$ 28,230 bilhões. O valor é o maior para o período desde o início da série histórica, em 1989. O recorde anterior foi registrado em 2006 (US$ 25 bilhões).
 
A estimativa atual do governo é que o superávit nas trocas com outros países fique entre US$ 45 bilhões e US$ 50 bilhões em 2016.
 
Até julho, as exportações geraram US$ 106,583 bilhões, retração de 5,6% em relação a igual período de 2015. Já as importações atingiram US$ 78,353 bilhões, diminuição de 27,6% ante os sete meses do ano passado.
 
A retração da receita com exportações acontece ainda que o volume dos embarques cresça neste ano. Segundo Dutra, esse paradoxo é causado pela desvalorização das commodities nos últimos meses.
 
"A estrutura da balança brasileira tem grande peso de produtos primários, como minerais e agrícolas, que ficam mais baratos com o arrefecimento da economia mundial", disse.
 
No mês passado, as vendas externas brasileiras renderam US$ 16,331 bilhões, queda de 3,5% sobre julho de 2015 e crescimento de 2,2% em relação a junho deste ano. As importações foram de US$ 11,752 bilhões, recuos de 20,3% frente a julho do ano passado e de 3,6% sobre junho.
 
Em relação aos mercados compradores, avançaram as vendas para Oceania (+52,3%) e União Europeia (+13,8%) e caíram as exportações para a África (-17,6%); Mercosul (-14,4%); Ásia (-7,7); América Central e Caribe (-7,4); e Estados Unidos (-4,3).
 
Os cinco principais importadores de produtos brasileiros, em julho, foram China (US$ 3,535 bilhões), Estados Unidos (US$ 1,898 bilhão), Países Baixos (US$ 1,709 bilhão), Argentina (US$ 1,024 bilhão) e Alemanha (US$ 394 milhões).
 
Queda no ano
 
Ainda que tenham avançado em julho, as exportações de manufaturados recuaram 2,3% neste ano, enquanto básicos caíram 9,1% e semimanufaturados avançaram 0,2%.
 
As mercadorias que respondem pela diminuição da receita com produtos de maior valor agregado são autopeças (-24,6%), motores e geradores (-24,3%), laminados planos (-21,5%), partes de veículos (-19,4%) e óxidos e hidróxidos de alumínio (-15,2%).
 
No sentido contrário, avançaram os ganhos com plataformas para extração de petróleo (+136,7%), tubos flexíveis de ferro e aço (+70,6%), etanol (+58,8%) e automóveis de passageiros (+29,2%).
 
Veículo: DCI


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