São Paulo - Os problemas na produção e colheita do feijão carioca, qualidade mais vendida no Brasil, fez com que a falta dos produtos nos supermercados somasse 16,17% em junho, um aumento de 36% na comparação com abril.
O resultado, apontado em uma pesquisa da consultoria NeoGrid, sinaliza que o preço do feijão também avançou 58% nos últimos meses, o que tornou o acesso ao produto ainda mais difícil. "Os varejistas estão com dificuldade de encontrar o produto e renovar os estoques devido ao problema das safras, que foram prejudicadas pelo clima", explica diretor de varejo da NeoGrid, Robson Munhoz, ressaltando que, na comparação com junho do ano passado, o crescimento da falta do produto é de 43%.
Além da dificuldade em comprar o produto, já que a oferta este ano recuou com a temperatura adversa nas plantações, há também um movimento dos varejistas de repensarem as compras. "Dessa forma, diante da instabilidade econômica e dos altos preços, o varejo fica mais cauteloso ao comprar o produto, com receio de que não haja consumo - e ele acaba faltando nas prateleiras", explica.
Média geral
A ruptura do feijão foi 65% maior do que a ruptura geral no mês de junho. O índice total de faltas, que considera todas as categorias de produtos, caiu pelo terceiro mês consecutivo este ano, chegando a 9,77%. A queda tem relação com a redução no volume de vendas do setor de supermercados e hipermercados, que, em maio de 2016, diminui 3,4% no acumulado dos últimos 12 meses, segundo o IBGE. "Com a crise, a população passa a comprar menos e, com isso, é natural que alguns produtos acabem ficando na prateleira, o que reduz o índice de ruptura", comenta Munhoz.
Para o diretor, é importante destacar outro ponto em relação à queda: "ao se preocupar com o comportamento do consumidor diante da instabilidade econômica, varejo e indústria começam a estabilizar suas negociações para evitar faltas de produtos, e assim não perder vendas, e excesso de estoques, que mantém o capital de giro parado", completa.
Quanto à ruptura setorial, o setor de alimentos apresentou o maior índice de junho, 10,46%, enquanto higiene e beleza registrou 8,86%, limpeza, 7,39% e bebidas, 9,37%.
Os dados consolidados pela empresa reúne informações homologadas de mais de 10 mil lojas de varejo do Brasil e que mede, diariamente, a disponibilidade do itens.
Fonte: DCI