Segundo a página de comparações de preços 'Zoom', procura por aparelhos de TV no período do evento futebolístico foi 44,5% maior do que o observado nos Jogos do Rio. Crise é grande culpada
São Paulo - O sucesso inesperado da realização da Olimpíada do Rio de Janeiro ajudou algumas redes do varejo de eletrônicos a aumentarem as vendas de televisores durante o evento. Porém, por conta da crise e do descrédito inicial com os Jogos, o comércio desse tipo de aparelho ficou bastante abaixo do observado no período da Copa do Mundo, em 2014.
Segundo o site de comparação de preços Zoom, entre os meses de julho e agosto deste ano, por exemplo, a procura de consumidores por TVs foi 44,5% menor que o registrado entre maio e junho de 2014, período que antecedeu o torneio futebolístico.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, três fatores explicam as vendas ruins durante os Jogos Olímpicos: crise, descrédito e a compra planejada.
"Nos últimos dois anos, por conta da crise econômica, as vendas de bens duráveis recuaram mais de 30%. É a maior queda das últimas décadas. Isso afetou certamente as vendas de televisores para a cobertura da Olimpíada. Além disso, até o início do evento, poucas pessoas acreditavam no sucesso que os jogos foram", opina Terra.
Por conta deste descrédito da população, na visão dele, as vendas também foram afetadas. Além disso, o especialista cita a compra planejada como outro fator para o insucesso dos aparelhos de televisão neste período. "Durante a Copa do Mundo, as vendas desse tipo de produto aumentaram consideravelmente. A crise ainda estava no início e o consumidor que adquiriu esse produto possivelmente já pensava em acompanhar os Jogos Olímpicos nesse aparelho. Não é o tipo de compra que se realiza a cada dois anos", explica.
De acordo com a consultoria Gfk, a venda de televisores aumentou 39% no Brasil em 2014, impulsionada, principalmente, pela Copa do Mundo.
Para este ano, a consultoria prevê uma queda de 28% no volume de vendas e de 6% no faturamento decorrente do comércio de televisores.
No primeiro quadrimestre deste ano, ainda segundo a Gfk, as vendas desses aparelhos recuaram 28%, na comparação com o mesmo período do ano passado.
"No Brasil, a Copa do Mundo foi responsável pelo forte impacto na venda de TVs, algo que não se verificou com os Jogos Olímpicos deste ano. Este evento [Olimpíada] não é tão apelativo junto aos brasileiros como o mundial", comentou o especialista em mercado de televisores da Gfk, Rui Agapito.
Leve alta
Apesar das perspectivas negativas, companhias como a Via Varejo, braço do Grupo Pão de Açúcar que controla as bandeiras Casas Bahia e Pontofrio, registraram aumento de 10% na venda de televisores em suas lojas por conta dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
"O aumento é referente à venda média registrada no último trimestre de 2016. Se comparado ao mês de julho de 2015, esse percentual sobe ainda mais: um incremento de 17% nas vendas", afirmou a Via Varejo ao DCI, em nota.
A maior procura, de acordo com a varejista, foi por TVs de tela grande, acima de 48 polegadas. "A rede aumentou seu estoque para dar conta da demanda. O crescimento na procura dos aparelhos começou há cerca de 30 dias", completa.
Para o diretor executivo do site comparador de preços Zoom, Thiago Flores, as vendas poderiam ser ainda melhores.
"Existem outros diversos fatores que justificam o Mundial de 2014 ter feito com que os brasileiros buscassem trocar a sua TV. O Brasil é o país do futebol e o cenário econômico era muito mais positivo", analisa o executivo. "É muito mais comum que as pessoas reúnam os amigos em casa para assistir aos jogos do Mundial de futebol do que acompanhar os jogos que envolvem diversos esportes", comenta.
Projeção otimista
Mesmo com a projeção pessimista da Gfk para uma queda anual na venda de aparelhos de televisão, Eduardo Terra, da SBVC, acredita que o período de baixas está perto do fim.
Para ele, é possível que ao fim do último trimestre deste ano os índices mostrem os primeiros sinais de recuperação e alta nas vendas de bens duráveis, inclusive os televisores.
"Neste terceiro trimestre pode haver leve alta, mas ainda não devem ser números tão bons. Ao menos, devemos deixar de cair. Acredito que uma grande retomada só deva acontecer no início de 2017, mas o final do ano já deve mostrar sinais promissores."
Nisto, a confiança do consumidor e de empresários, que segundo Terra, subiu nos últimos três meses, deve ser ampliada após a organização dos Jogos Olímpicos. "A Olimpíada ajudou a criar um clima de mais ânimo e você percebe que isso está generalizado. Superado o final do processo de impeachment, devemos adentrar o mês de setembro com ânimos e confianças ainda melhores", indica Terra.
Fonte: DCI