Enquanto a melhora do setor se der por meio de indicadores de confiança, os lojistas manterão a cautela com relação às vagas; para CNC, no atual cenário, contratações ficarão em linha com 2012
Os varejistas brasileiros vão esperar por mais sinais de retomada da confiança e melhora nas vendas para abrir as tradicionais contratações de temporários para o período de fim de ano, quando o comércio fica mais aquecido. Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), deverão ser criadas cerca de 135 mil vagas do tipo neste ano.
O número representa uma queda de 2,4% frente às contratações realizadas no mesmo período de 2015. Segundo o economista da CNC, Fábio Bentes, o motivo da queda está relacionado diretamente à crise econômica que, apesar de indicar que o pior já passou, ainda paira sobre as estratégias das empresas do varejo nacional.
"Podemos dizer que essa baixa nas vagas temporárias se trata de uma 'ressaca' da crise. As lojas ainda esperam que a melhora da confiança se converta em vendas, o que ainda não aconteceu, de fato. Caso venha a acontecer, esse número de criação de vagas pode aumentar", explica.
Se o número estimado pela CNC se concretizar, a quantidade de vagas temporárias para fim do ano no varejo voltará ao patamar observado no mesmo período de 2012, quando o índice de contratações foi semelhante. Apesar de tal retração, Bentes destaca que as perspectivas, a partir de agora, são de constantes melhoras nos indicadores que abrangem o varejo, o que pode significar uma recuperação do setor a partir do início de 2017.
"Tivemos o quadro político resolvido e a inflação, mesmo ainda alta, aparenta estar mais controlada. O número de demissões no varejo está caindo. Em consequência, o de admissões deve subir à reboque do resultado de vendas, caso este seja positivo", comenta.
Vestuário
De acordo com a CNC, o segmento que mais deve optar pelas contratações temporárias neste final de ano é o de vestuário. A perspectiva é de que sejam contratados mais de 62 mil pessoas para vagas neste tipo de comércio até o Natal.
Na visão da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), entretanto, as empresas do setor podem não fazer essas contratações. "Ainda estamos em um período bastante prematuro para realizar esta análise. No momento, as companhias de vestuário e moda não demonstram que devem realizar contratações para o período de final de ano. Elas se mostram preparadas para atender o consumidor com as equipes atuais. Caso haja alguma surpresa positiva nas vendas, aí sim isso pode acontecer", conta o diretor executivo da Abvtex, Edmundo Lima.
No ano passado, o varejo têxtil, por conta da recessão econômica, também não efetuou contratações temporárias para o período que segue até o fim de janeiro. Apesar da cautela, a expectativa de Lima é de que as vendas de Natal sejam melhores que as observadas no mesmo período de 2015.
Depois do varejo de moda, para a CNC, o segmento que mais deve contratar temporários é o de supermercados, com a criação de 29 mil vagas.
Mais otimistas com relação à contratação de temporários, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) estima que sejam abertos até 300 mil postos nos malls brasileiros, número que envolve, além do varejo, vagas destinadas aos serviços ligados à administração dos espaços.
Absorção
Continuar no emprego temporário é um dos grandes objetivos dos contratados pelas varejistas no período natalino.
Porém, neste ano, a absorção efetiva pode ser ainda menor que a observada pela confederação no ano passado.
Para Bentes, de 10% a 15% dos trabalhadores temporários devem iniciar 2017 como efetivos, ou seja, serão mantidos no cargo após o fim do período estipulado. Em 2015, o índice de absorção foi idêntico: 12%.
"Em 2014, aproximadamente 20% dos contratados temporários seguiram em seus postos. Agora, dificilmente devemos alcançar esse patamar." O salário médio, segundo a análise da CNC, deve ficar em torno de R$ 1.205, alta 0,6% sobre o mesmo período de 2015. O maior salário deverá ocorrer no ramo de artigos de informática e comunicação, a uma média de R$ 1.403.
Veículo: DCI