Controlador da empresa vai abrir fábrica no país, onde custos são menores
-SÃO PAULO- A tradicional fabricante de brinquedos Estrela decidiu que parte de seus produtos passará a ser importada do Paraguai, de uma empresa chamada Estrella del Paraguay, aberta no país vizinho e que tem como sócios o presidente e acionista controlador da brasileira, Carlos Tilkian, e o diretor de marketing da companhia. O objetivo de se instalar no Paraguai é substituir “parte dos brinquedos que a companhia, atualmente, tem importado da China”, segundo fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM, órgão regulador do mercado acionário).
“A responsabilidade de toda essa operação será exclusivamente desses administradores da companhia, sendo que a companhia não fez nenhum investimento financeiro nessa operação. O início das operações está previsto para o final deste exercício ou início de 2017”, explica a empresa.
A Estrela não é a única companhia brasileira a abrir unidade no Paraguai. Empresas do ramo têxtil, como a RiachueloGuararapes, também estão migrando parte de sua produção para o país vizinho em busca de custos menores de mão de obra, flexibilidade nas relações trabalhistas e menos impostos. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), pelo menos 42 companhias nacionais já cruzaram a fronteira e montaram unidades de produção no Paraguai recentemente. ENERGIA 60% MAIS BARATA Segundo o escritório OLN Advogados, que dá suporte a empresas que querem fazer essa mudança, o custo de energia em território paraguaio chega a ser 60% menor. Além disso, o país implementou a chamada Lei de Maquila, que dá uma série de incentivos para as empresas importarem maquinário e insumos para o Paraguai; e, no momento da exportação de itens manufaturados, o imposto é de 1%.
Desde o fim do ano passado, Carlos Tilkian considerava a possibilidade de ter uma unidade fabril da Estrela em território paraguaio. Ele citava a mão de obra mais barata e a carga tributária menor. Outro atrativo, segundo o empresário, seria o fato de o atual presidente do Paraguai, Horácio Cartes, também ser empresário e conhecer a dinâmica de um negócio.
Em entrevista ao GLOBO no fim de agosto, Tilkian afirmou que esperava do novo governo brasileiro uma mudança nas regras trabalhistas, cuja legislação considera obsoleta.
— Isso tem tirado fôlego das empresas e tem feito os produtos chegarem caros ao consumidor. Além disso, é preciso haver redução dos impostos — avaliou, na ocasião.
Atualmente, a Estrela mantém fábricas em Itapira (São Paulo), Três Pontas (Minas Gerais) e Ribeirópolis (Sergipe). Além disso, uma parte de seus produtos é fabricado e importado da China — o que acarreta custos elevados de transporte.
As ações da Estrela subiram com força ontem e fecharam em alta de 14,9%, a R$ 0,77. Os papéis têm pouquíssimo volume de negociação. Em setembro do ano passado, a Estrela anunciou uma oferta pública de aquisição (OPA) com o objetivo de retirar todas as suas ações que estão em circulação no mercado. Na época, a alegação era de que a companhia não tinha mais interesse em se financiar por meio do mercado acionário. O valor estipulado para as ações preferenciais e ordinárias era de R$ 0,37.
Apesar da forte alta das ações da Estrela, esse avanço não teve efeito algum sobre o desempenho da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ontem. Isso porque o papel da fabricante de brinquedos não faz parte do Ibovespa, que avançou 0,67%. Já o dólar caiu 0,51%, a R$ 3,259.
Fonte: Jornal O Globo