Para reduzir custos, companhias têm migrado suas compras para o e-commerce, e impulsionado o segmento business to business (B2B), que só ano passado movimentou R$ 600 bilhões no Brasil
São Paulo - Impulsionadas pela crise e pela necessidade de reduzir custos, empresas de diversos setores vêm migrando suas compras para o e-commerce. Quem tem se favorecido desse movimento são as companhias que atuam no comércio eletrônico business to business (B2B), mercado que só no ano passado movimentou R$ 600 bilhões no Brasil.
"Estimamos hoje que o segmento business to consumer (B2C), em comparação com o B2B, represente menos de 10%. A transação entre empresas no meio digital foi o que deu origem ao e-commerce como temos hoje", explica o presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm), Maurício Salvador.
De forma resumida, o comércio B2B consiste em um ambiente virtual onde uma empresa (indústria, distribuidor, importador ou revendedor) comercializa seus produtos para outras empresas. Já o B2C seria a venda diretamente para o consumidor final. Segundo estimativas da entidade, o primeiro formato faturou cerca de R$ 600 bilhões em 2015, enquanto o segundo registrou cerca de R$ 48 bilhões no mesmo período.
Mesmo com o volume muito grande, Salvador acredita que esse mercado ainda seja pequeno no Brasil, se comparado a outros países. "Ainda existe muito a crescer em termos de penetração das empresas", diz, completando que muitas companhias pequenas e médias, por uma resistência de automatizar os processos, ainda fazem os pedidos por telefone.
Segundo o presidente do marketplace Mercado Eletrônico - maior do segmento na América Latina -, Eduardo Nader, uma das razões para que poucas empresas operem nesse segmento é a maior complexidade que ele impõe. "No B2C é muito fácil abrir uma loja virtual e começar a vender. No B2B é muito mais complexo. O aporte em tecnologia é robusto e o nível de serviços também tem que ser maior", diz.
Fundado em 1994, a plataforma possui hoje uma base de mais de 1 milhão de companhias cadastradas, 8 mil clientes e só no ano passado transacionou cerca de R$ 80 bilhões.
Em termos de faturamento, Nader afirma que a empresa não abre os números, mas que no ano passado o crescimento foi de aproximadamente 20%. Para este ano a perspectiva é que a alta se mantenha nesse mesmo patamar.
Efeitos da crise
Sobre os efeitos da recessão econômica, o executivo pondera que se por um lado ela fez com que a base de clientes do marketplace gastasse menos - diminuindo o tíquete médio -, por outro ela tem estimulado a maior procura das empresas por esse tipo de solução, que, segundo ele, pode reduzir consideravelmente os custos de compra. "Calculamos que os preços dos produtos na plataforma eletrônica sejam 15% menores do que em outros canais", afirma, completando que em termos de redução de custos na operação de compra é possível chegar a uma diminuição de cerca de 80%.
Essa economia viria, de acordo com ele, do ganho de eficiência que o processo de comprar on-line gera. "Muitas vezes as empresas fazem contratos de compra por um ou dois anos, em que a reposição dos produtos é automática."
Na plataforma são comercializados desde materiais de escritório até turbinas de avião e commodities. De acordo com Nader, no entanto, os segmentos com o maior apelo dentro do marketplace são a indústria química e o hospitalar.
Outra empresa do segmento que tem apresentado bons resultados, a despeito da crise, é o e-commerce Gaveteiro, focado em suprimentos industriais. A companhia, fundada em 2012, processa diariamente 30 mil itens e vem crescendo a uma taxa mensal de 5% a 10%. O bom desempenho fez com que ela dobrasse de tamanho nos últimos dois anos.
Fonte: DCI