Varejista brasileiro desvia de lojas no México

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Apesar de apresentar crescimento anual pela quinta vez consecutiva e novas tecnologias, o varejo mexicano não é visto como potencial para o comerciante nacional, que ainda sonha com os EUA

 


São Paulo - Mesmo prestes a registrar crescimento sólido pelo quinto ano consecutivo, o varejo mexicano segue sem atrair os varejistas brasileiros interessados em internacionalizar suas marcas. Os principais destinos desejados ainda são os Estados Unidos e os países vizinhos da América do Sul.

Em 2015, os comerciantes mexicanos venderam 5,1% mais que o registrado no ano anterior. Foi o quinto ano seguido de avanço. O que, para especialistas consultados pelo DCI, pode significar uma solidez antes não esperada para este mercado, além de oportunidades para companhias de fora do País.

"Por conta da proximidade com os Estados Unidos e dos crescimentos constantes, o varejo do México tem evoluído com um pouco mais de agilidade que o nosso, que teve uma crise de grandes proporções para se preocupar", explica o chefe da área de varejo do Grupo ASSA e um dos maiores especialistas em varejo do Brasil e América Latina, Fernando Gamboa.

Segundo ele, fatores importantes como a multicanalidade foram amplamente trabalhados no México durante os últimos anos. No Brasil, em sua visão, a crise atrasou esse tipo de avanço.

"Outro ponto é que eles replicam dos norte-americanos os sistemas de consultoria e gestão, que também são mais avançados que o nosso. Isso gera simplicidade e agilidade na hora de atender o cliente".

Atenta a isso, a gigante chilena SACI Falabella, maior rede de lojas de departamentos da América do Sul, anunciou recentemente que pretende investir mais de US$ 500 milhões de dólares - em parceria com a rede mexicana de supermercados Organización Soriana - para abrir sua primeira loja em solo mexicano dentro do prazo máximo de cinco anos.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística e Cálculos Econômicos da Focus no México (Inegi), em pelo menos oito dos últimos dez meses o varejo mexicano registrou crescimento acima de cinco pontos percentuais.

Aventura latina


Parte do receio brasileiro com o varejo mexicano pode ser explicado pela tentativa frustrada do Habib's em atuar naquele mercado nos anos 2000. O plano da rede de restaurantes árabe era abrir ao menos 150 lojas no México até 2005 via modelo de franchising. O resultado final foi a abertura de apenas seis lojas e o fim da operação em 2006.

"O erro brasileiro é exportar apenas o produto e não o seu know-how completo. Por aqui, as franqueadas adquirem produtos dos fornecedores indicados pela própria franquia ou até da própria marca. Lá fora, as questões logísticas vão impor que você tenha um sistema diferente. Eles já estão acostumados a isso, mas nós não", comenta o consultor de franquias da Rizzo Franchise, Marcus Rizzo.

Ele recomenda às lojas que exportem não apenas os itens de sucesso no mercado brasileiro, mas que também avaliem a possibilidade de implementar uma operação profissional que atenda o consumidor e o franqueado local.

Sonho americano


Sem o México no radar, os Estados Unidos seguem como o destino preferido para as redes brasileiras, principalmente no segmento de franchising.

A Nutty Bavarian, por exemplo, é uma das que apostam firme no sonho americano. Atualmente, a companhia possui cinco quiosques no estado da Flórida e pretende inaugurar outras três operações no País, uma delas na região da Carolina do Norte. "Os Estados Unidos têm um sistema empreendedor que te joga naturalmente para cima. Apesar dos poucos meses por lá, nossas lojas estão indo muito bem. Ainda temos alguns desafios a serem alcançados e esperamos nos consolidar por lá para pensar em outros mercados", diz a diretora da Nutty Bavarian, Adriana Auriemo.

No Brasil, são 140 unidades em operação, com a previsão de abertura de outras sete lojas até o final deste ano.

Outra que pretende exportar seu conhecimento para os norte-americanos é a Ofner.

A princípio, a empresa só levará seus produtos para lá, a fim de experimentar a aceitação dos itens. Mas, segundo o diretor executivo e responsável pelo processo de internacionalização da rede, Mário Costa Júnior, há por parte da marca a intenção de abrir uma loja em Nova Iorque até o fim de 2018.

"Escolhemos os Estados Unidos por ser um mercado potente e que é ávido por novidades. Vamos levar nossos panetones para lá e avaliar os resultados. Por enquanto, fizemos parcerias com empórios, mas pensamos em abrir nossa loja até 2018", afirma.

Com três operações no México, a Chilli Beans vê o mercado do país com bons olhos, mas tal como Ofner e Nutty Bavarian, focará sua expansão por vizinhos sul-americanos e norte-americanos.



Veículo: DCI


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