Vendas contabilizaram R$ 25,9 bilhões, contra R$ 23 bilhões nos primeiros oito meses de 2015
A indústria teve o pior primeiro semestre desde 2009, com queda de 9,1% no faturamento. Só até o meio do ano, o comércio acumula perdas de 6,7%, o resultado mais baixo desde 2001. Em meio a números tão desanimadores, ainda há quem cresça na crise. São aqueles que produzem itens que não dá para simplesmente deixar de comprar, como as farmácias. Na contramão dos recordes negativos, esse setor acumula um crescimento de dois dígitos.
De acordo com a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), as vendas cresceram 12,25% até agosto. Foram R$ 25,9 bilhões, contra R$ 23 bilhões nos primeiros oito meses de 2015. Segundo o presidente da Abrafarma, Sérgio Mena Barreto, o segredo é gerenciar bem. “Esse é um negócio de baixíssima margem, assim a gestão tem de estar muito bem ajustada para não dar prejuízo. O varejo anda sempre no fio da navalha, por assim dizer”, destaca.
Na visão da economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) Ana Paula Bastos, a justificativa está no fato de medicamentos serem um gênero de primeira necessidade. “Não dá para simplesmente parar de comprar os remédios”, ressalta.
Dos oito ramos de atividades medidos pela CDL, apenas o de drogarias e cosméticos e o de artigos diversos tiveram aumento nas vendas de janeiro a julho. Enquanto o comércio da capital acumulou retração de 1,67%, o ramo de farmácias e cosméticos conseguiu crescer 0,59%. “Esse setor também inclui a venda dos cosméticos, que têm crescido muito em drogarias, devido à conveniência. Alguém está comprando um remédio e acaba levando um batom ou protetor solar por impulso”, analisa Ana Paula.
Outro setor que conseguiu crescer apesar da crise foi o de artigos diversos, que inclui óticas, artigos esportivos, brinquedos, acessórios em couro. A alta foi de 0,84%. “Nesse caso, o maior responsável pelo aumento nas vendas foi o segmento de artigos esportivos. De certa forma, assim como as óticas, também está ligado à saúde, pois as pessoas ainda têm comprado roupas para ginástica, numa onda mais saudável. Já óculos, ninguém que usa pode ficar sem, mesmo que seja apenas uma troca de lentes”, afirma a economista.
Já os ramos de veículos, supermercados e produtos alimentícios, material de construção, máquinas, papelaria, vestuário, armarinho e calçados não conseguiram escapar da retração, agravada pelo aumento da inflação e dos juros.
Resultados do varejo farmacêutico
Faturamento total
Jan a ago 2015: R$ 23 bi
Jan a ago 2016: R$ 25,91 bi
Variação: 12,25%
Por segmentos
Medicamentos: R$ 17,5 bi
Não medicamentos: R$8,4 bi
Novas lojas
Janeiro 2016: 5.903
Agosto 2016: 6.216
Empregos diretos
- Atualmente, existem 110.846 profissionais, sendo 19.336 farmacêuticos
Drogarias
Cosméticos ajudam a alavancar setor
A cada R$ 100 vendidos nas farmácias e drogarias, pelo menos R$ 32,50 vêm de itens que não são medicamentos. O segmento tem ajudado a alavancar as vendas do setor. Segundo dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), dos R$ 25,9 bilhões vendidos de janeiro a agosto, R$ 8,4 bilhões vêm de perfumaria, cosméticos e demais produtos. Sozinho, esse grupo cresceu 10,4% em relação aos oito primeiros meses de 2015.
“O consumidor enxerga a farmácia como uma loja de saúde completa, onde encontra bons preços, variedade de produtos expostos e facilidade de acesso”, ressalta o presidente da Abrafarma, Sérgio Mena Barreto. Segundo ele, o resultado comprova uma tendência mundial de ‘one-stop shop’, pelo qual, numa única parada, o consumidor resolve rapidamente suas demandas de higiene, beleza e saúde. (QA)
Expectativas
Comércio já vê sinais de melhora
Só neste ano já foram abertas 313 farmácias no Brasil, de janeiro a agosto. De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) Sérgio Mena Barreto, a expectativa é de melhora. “Vejo um cenário mais positivo no varejo, com um início de estabilidade econômica, com o fim do período de turbulência política. Abriremos de 8% a 9% de novas lojas”, afirma.
A economista da CDL-BH Ana Paula Bastos também vê sinais de melhora: “Ainda há queda, mas o ritmo está menor. De janeiro a julho de 2015, o varejo acumulava perdas de 3,13%. Em 2016, caiu para 1,67%. A inflação diminuiu um pouco, e os juros também já podem começar a cair.”
Fonte: Jornal O Tempo