Genéricos avançam e já são 28% das vendas nas farmácias independentes

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Os remédios dessa categoria romperam a barreira da desconfiança do consumidor e ganharam impulsão com a crise, dobrando sua participação no faturamento com medicamentos das lojas


São Paulo - Se no início da venda dos medicamentos genéricos no Brasil havia uma resistência do consumidor em comprá-los, hoje isso já não é mais uma barreira. Essa mudança na percepção, aliada ao efeito crise, vem impulsionando a categoria e fez com que, nos últimos cinco anos, sua fatia no faturamento das independentes mais do que dobrasse.

É o que aponta a Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar), que representa 9.334 drogarias espalhadas pelo Brasil. Segundo a entidade, a fatia que essa categoria possui hoje na venda total de medicamentos das associadas é de 28%. Cinco anos atrás essa participação não passava dos 13%. Em termos de unidades vendidas, a representatividade é ainda maior e já ultrapassa os 40%, aponta o presidente da Febrafar, Edison Tamascia.

Os produtos genéricos, que começaram a ser vendidos no Brasil a partir de 1999, só ganharam maior relevância para o brasileiro nos últimos seis anos, afirma o executivo. "Há dois fatores principais que explicam isso: os consumidores e os próprios médicos passaram a confiar mais e a recomendar esses medicamentos; e, mais recentemente, a crise econômica fez com que o cliente se preocupasse mais com o preço na hora da compra", afirma.

Para o dono da farmácia Farmaluz, da rede Entrefarma, José Lucio Alves, outro aspecto que influiu na maior aceitação do consumidor foi o programa 'Aqui tem Farmácia Popular', do Governo Federal. "Mais de 90% dos medicamentos oferecidos pelo programa são genéricos, o que fez com que o cliente passasse a usar esses produtos, e percebesse que a qualidade é igual aos de marca", diz.

O fator preço

Essa maior preocupação em economizar fica clara em um estudo realizado recentemente pela entidade, que mostra que dos consumidores que decidiram trocar de medicamentos na hora da compra (45%), quase a totalidade deles (97%) optou por um produto com um preço inferior ao inicial.
Nesse contexto, os genéricos - que por lei devem ser pelo menos 35% mais baratos do que os de referência -, têm ganhado os olhos do cliente. Ainda de acordo com o levantamento, 37% dos compradores optaram por essa categoria, enquanto 32% escolheram os medicamentos de marca, e 31% levaram ambos.

Na Farmaluz, que possui quatro unidades no interior de Minas Gerais, a participação dos genéricos no faturamento total dos medicamentos já representa 35%, sendo que há cinco anos o valor era de 12%.
Diante dessa maior propensão do consumidor em comprar os genéricos, Alves afirma que a loja tem buscado ter um mix completo desses produtos. "Temos trabalhado também com a exposição nas gôndolas, dando mais destaque para essa categoria", afirma.

De acordo com ele, uma das vantagens de comercializar esse tipo de medicamento é que a margem de lucro é um pouco maior, em comparação aos de referência. "A lucratividade acaba sendo maior porque conseguimos negociar melhor com o fornecedor. Mas, ao mesmo tempo, temos que vender um volume maior desse produto para ter o mesmo faturamento", explica.

Na rede de drogarias Maxifarma, que possui 112 operações no estado do Paraná, esse crescimento também tem sido expressivo. Se em 2011 a fatia dos genéricos nas vendas de medicamentos era de pouco mais de 6%, atualmente já ultrapassa os 30%. "Antes quase não conseguíamos vender o genérico. Você oferecia para o consumidor e ele não aceitava. Até porque muitos médicos colocavam na receita essa orientação", afirma o proprietário da rede, Edenir Sandona.
Apesar dos avanços em relação ao consumo de genéricos, Alves, da Farmaluz, afirma que nas cidades do interior, a resistência dos médicos ainda é um empecilho. "Em cidades pequenas os médicos muitas vezes ainda são influenciados pela indústria farmacêutica e acabam dando preferência para o produto de marca", diz.

Os dois empresários ouvidos pelo DCI acreditam que a tendência é que essa categoria cresça ainda mais nos próximos anos. "Deve aumentar muito mais a participação dos genéricos no futuro, no Brasil, até porque nos países desenvolvidos a maior parte das drogarias já trabalha dessa forma", ressalta Alves.
Entre as grandes redes de farmácias esse crescimento também vem se mostrando constante e significativo. Segundo dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), que representa as 26 maiores do ramo, de janeiro a setembro deste ano a venda de genéricos representou um faturamento de R$ 3,459 bilhões. O valor foi 13,87% superior ao registrado no mesmo período de 2015. Em relação a 2011 a alta é ainda mais expressiva, já que naquele ano o montante foi de apenas R$ 1,308 bilhão.

Fonte: DCI  


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