Segundo a Aprosoja e ABPA, indústria começa a estabelecer um planejamento para evitar preços altos no abastecimento do produto no mercado interno, como ocorreu na safra 2015/2016
São Paulo - Para se precaver dos preços elevados e da falta do milho, como ocorreu na safra 2015/2016, os pecuaristas têm fechado contratos antecipados, o que permitirá a oferta da ração animal. Segundo o gerente de Política Agrícola da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja), Frederico Azevedo, a agroindústria vem negociando transações nesse sentido para travar preços mais acessíveis.
"Observamos vendas antecipadas com as traidings e empresas de proteínas. As companhias perceberam que precisam se programar. Se não houver venda no mercado doméstico, esse produto vai para o exterior", afirmou o executivo da Aprosoja. De acordo com dados do Instituto Mato Grossense de Economia Agropecuária (Imea), 18,75% dos contratos no estado já estão negociados para a próxima safra.
"Não será um preço de R$ R$ 12 a saca, porque não paga os custos de produção, e nem de R$ 35, porque a indústria não consegue pagar. Não é interessante ter um preço muito alto porque o pecuarista tem que ter o produto para o confinamento", disse Azevedo. No último mês de julho, uma reunião entre os produtores de milho, os pecuaristas e o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura (Mapa), Neri Geller, debateu uma solução para o abastecimento doméstico do grão. É que a exportação elevada e o aumento do preço médio no Brasil de R$ 26,85 por saca de 60 quilos em fevereiro do ano passado, para R$ 42,54 pela saca no mesmo período de 2016, segundo dados do Centro de Estudos Avançados Em Economia Aplicada (Cepea), obrigou a importação da commodity.
Na opinião do presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, a preocupação de antecipar contratos é para evitar entraves como os da última safra, em que os pecuaristas foram obrigados a buscar milho na Argentina e Paraguai para garantir a produção de suínos e frangos. "O problema no último ano foi a falta de interação melhor entre o produtor e a agroindústria. O produtor não tendo possibilidade de renda, vendia a mercadoria para as traidings", declarou.
Mais produção
O analista da Consultoria Safras & Mercados, Paulo Molinari, conta que a comercialização para 2016/2017 está abaixo do esperado. Isso porque a cotação na bolsa de Chicago, a desvalorização do dólar ante o real e a expectativa de uma super produção na temporada dos nos Estados Unidos, desestimulam a exportação. Somado a esses fatores e a previsão de aumento na produção brasileira, o mercado interno deve ficar com uma parcela maior da produção do grão em comparação com a safra anterior.
"Para 2017, já se espera um aumento da safra de milho. Como o preço de milho está bom, o produtor resolveu plantar mais em 2016/2017. É de se esperar que o preço tenha uma redução maior", afirma o gerente de Confinamento da Área de Ruminantes da DSM, empresa voltada a proteína animal, Marcos Baruselli. Turra, da ABPA, diz que o trigo é outro componente que pode afetar os preços em 2017. "Cerca de 1 milhão de toneladas colhidas não serve para o consumo humano, mas é boa para o consumo animal", diz.
Por outro lado, os custos de produção do milho, como defensivos e fertilizantes, tiveram grande salto no último ano, ressalta Frederico Azevedo, da Aprosoja. "A margem está bem complicada. Temos visto muito produtores cada dia mais fazendo contas", admite. Para o executivo da Aprosoja, além de conhecer o giro financeiro do negócio, o produtor deve verticalizar a produção, com avicultura e bovinocultura, por exemplo. "Isso gera maior valor a propriedade", destacou.
Fonte: DCI