O mercado brasileiro deverá crescer mais do que o da Rússia, Índia e China, prevê consultoria
Cerca de 50 novas marcas de artigos de luxo deverão se estabelecer no País nos próximos cinco anos. Entre os quatro emergentes que compõem o grupo dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), o Brasil é o que deverá atingir a maior taxa de crescimento na venda de artigos de luxo até 2013, segundo previsão da especialista em consumo global e varejo, Claudia D'Arpizio, sócia da consultoria Bain & Company na Itália.
Ela sustenta essa previsão da chegada de novas marcas ao País com base em uma pesquisa anual feita com 200 grifes de luxo na Europa. Como existe um acordo de confidencialidade com as grifes, a consultora não revela quais seriam esses grupos interessados em fincar bandeiras no Brasil.
Em cinco anos, o mercado brasileiro de artigos de luxo, que engloba não apenas roupas, mas também perfumes, jóias, cosméticos e acessórios, entre outros, deve aumentar 35%, seguido pela China, com 30%. Apesar da maior taxa de crescimento prevista, o Brasil respondeu em 2007 por apenas 0,8% ou 1,3 bilhão do mercado de luxo global. Entre os BRICs, a China lidera, com 4,5 bilhões, ou 2,7% das vendas mundiais em 2007.
Os números foram apresentados pela ontem, em São Paulo, durante a 1ª Conferência Internacional do Negócio do Luxo, que se encerra hoje. "O cenário está muito complexo para esse segmento de mercado", disse Claudia ao Estado. Com a desaceleração da economia mundial, os principais mercados consumidores estão crescendo em um ritmo mais lento. Isso, segundo ela, faz despertar o interesse de grandes marcas pelos países emergentes, especialmente pelo Brasil e a Rússia, que têm um padrão de consumo mais ocidentalizado na comparação com Índia e China.
No ano passado, o mercado de luxo movimentou 170 bilhões no mundo, dos quais 38% na Europa e 33% na América do Norte. Para este ano, a expectativa de crescimento global é de 6,5% nas cifras globais, mas com taxas de crescimento menores nos mercados maduros dos Estados Unidos, Europa e Japão.
Além do desaquecimento da economia global, o dólar desvalorizado em relação ao euro é outro fator que afeta negativamente esse mercado. Como a indústria do luxo está concentrada na Europa e os custos são em euros, os preços em dólar acabam subindo, o que derruba ainda mais as vendas. A tendência, a médio prazo, é que esses itens sejam produzidos na China e no Brasil.
Veículo: O Estado de S.Paulo