Os planos de investimentos voltaram a crescer na indústria mineira, após cinco anos seguidos de recuo. Em um contexto econômico aparentemente mais favorável, com inflação e taxas de juros em queda, 64% dos empresários do Estado revelaram que pretendem efetuar aportes em 2017. O número é sete pontos percentuais (p.p.) superior ao registrado na última pesquisa (57%), divulgada há um ano, segundo dados da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), e mostra que, aos poucos, o setor vai buscando sua recuperação no mercado.
Entre as empresas que planejam incrementar os negócios neste ano, as prioridades são a realização de melhorias do processo produtivo (33%), a introdução de novos produtos (25%) e o aumento da capacidade da linha atual de produção (18%). O principal foco das indústrias mineiras com as inversões é o atendimento ao público interno (79%).
A economista da Fiemg, Annelise Fonseca, explica que a melhora observada na intenção de investimentos em 2017 resulta da evolução da confiança observada no setor. "Durante todo o ano passado, vimos uma recuperação no indicador de confiança da indústria e isso contribuiu diretamente para um índice melhor no que diz respeito à intenção de investimentos para 2017", avalia a especialista. Neste mês, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) de Minas Gerais alcançou patamar otimista pelo segundo vez consecutiva.
O percentual de indústrias no Estado que estuda investir em novos projetos (42,1%), porém, ainda é inferior ao daquelas que pretendem dar continuidade a planos de negócios anteriores (57,9%). E a justificativa para tal fato está na capacidade instalada das empresas, que, no momento, é adequada ou mais do que suficiente para atender à demanda segundo 83% dos entrevistados.
Produtividade - A incerteza econômica (84%), a ociosidade elevada (68%) e o custo do crédito/financiamento (35%) estão entre os principais empecilhos para investir citados pelos empresários. Ainda assim, 48,1% das indústrias mineiras revelam que têm a intenção de aumentar as inversões em máquinas e equipamentos em 2017. O número é o maior dos últimos três anos e, de acordo com Annelise Fonseca, a decisão pode beneficiar a cadeia industrial como um todo.
"Isso em parte vai refletir na cadeia produtiva na medida em que as empresas vão investir em máquinas e equipamentos, e esse investimento pode significar ganho de produtividade das empresas de modo geral", destaca a especialista.
O ano de 2016 foi o pior para a indústria de Minas em termos de investimentos desde o início da série histórica da pesquisa realizada pela Fiemg, em 2010. No ano passado, apenas 59% das empresas no Estado desenvolveram alguma espécie de melhoria. Desse total, somente 31% se dedicaram à execução de novos projetos.
Mais uma vez, as principais causas para o recuo e a insegurança dos empreendedores em promover o negócio foram a instabilidade da economia, citada como entrave por 84,2% dos empresários, o alto nível de ociosidade (63,2%) e o crédito encarecido (38,6%).
Entre as empresas que apostaram no investimento mesmo diante do cenário de crise, os aportes foram destinados para melhoria do processo produtivo (30,8%), aumento da capacidade da linha de produção (23,1%) e manutenção da capacidade produtiva (21,2%). A maior parte dos entrevistados (74,9%) utilizou recursos próprios para executar os projetos, enquanto 11,6% recorreram aos bancos oficiais de desenvolvimento e outros 8,0% a bancos comerciais privados.
Ainda de acordo com a pesquisa, 92,2% investiram na aquisição de máquinas e equipamentos, sendo que desses 68,7% compraram ou deram preferência aos produtos fabricados no País, favorecendo a indústria nacional de bens de capital.
Fonte: Diário do Comércio de Minas