Terceirização, uma aposta na eficiência

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A gestão da folha de pagamentos, do recrutamento e da seleção de pessoal já fazem parte da terceirização de recursos humanos. O outsourcing de parte das funções relacionadas à gestão de pessoas é habitual nas empresas, de maneira que são muitas as organizações que recorrem à tecnologia em mãos de terceiros para agilizar seus processos. Ignácio Castillo, consultor da área da Human Capital de Deloitte, explica que "a chave para desenvolver uma boa política de terceirização reside no estabelecimento de métricas de desempenho que permitam à função de RH conhecer a rentabilidade das ações que são executadas e sobre quais é preciso concentrar os esforços".

 

Segundo o último estudo realizado pela consultoria, 17% das empresas européias terceirizam todas as funções de RH. Em 35% dos casos, as atividades de treinamento e capacitação são as que mais estão na mão de terceiros. O Grupo Pelayo escolheu uma aplicação da Oracle para administrar seus recursos humanos - sobre plataforma da Sun Microsystem e com a Motiva Consulting como sócia responsável do projeto. A austríaca Maria Manuela Rodriguez, líder de formação e desenvolvimento da Pelayo, afirma que "a incorporação dessa ferramenta permite a eficiência dos processos de administração e graças a isso podemos funcionar com autonomia, sem depender do departamento de tecnologia para muitos processos".

 

A terceirização de parte da gestão de pessoas é uma válvula de escape para os departamentos de RH, uma oportunidade para cortar custos ligados à atividade - a provedora de soluções de RH e gestão de folha de pagamentos HR Access estima entre 12% e 22% - e também para ganhar eficiência. Um estudo da consultora CedarCrestone revela que das empresas consideradas mais eficientes nos Estados Unidos, cerca de 35% a 40% terceirizaram a gestão da folha de pagamentos e de recursos humanos. Das consideradas menos eficientes, cerca de 10% recorrem à terceirização. No entanto, as empresas mais eficientes reduziram até 34% os custos associados com a gestão de RH.

 

Para Cary Méndez, diretora de operações do Grupo Castilla - desenvolvedor de software para a gestão de pessoas -, "uma aplicação correta de RH é aquela que combina os serviços requeridos pelo cliente com máxima flexibilidade".

 

À margem das funcionalidades das aplicações, a eficiência e a economia parecem ser as chaves da terceirização de RH, algo que extrapola a gestão de folha de pagamentos. Pierre Paradis, diretor geral da HRAcess, ressalta que agora "as empresas optam pelos produtos especializados que as ajudem a ser mais eficientes em determinada área e impõem o pagamento pelo uso de ferramentas desenhadas pelo provedor externo, por exemplo o teste de avaliação. Trata-se de uma tecnologia alojada fora da empresa, com a qual se cria um ecosistema de especialistas que atende suas necessidades".

 

Os aplicativos da HRAcess provêm dessa tecnologia, que permite o acesso a provedores especializados on-line. "Se o funcionário necessita de um curso concreto, o aplicativo direciona para ele o programa que se ajusta a suas necessidades, oferecido por de nossos sócios. O que o usuário quer é eficiência nos pro-cessos e automação".

 

Da mesma maneira, Isabel Vctoria, chefe de produto da Microsoft Dynamic ERP, assinala que as organizações querem ter, numa só olhadela, as características de seus funcionários, onde se encontram, que papel desempenham dentro da estrutura, que déficit de formação tem e quais são as perspectivas de desenvolvimento profissional para ganhar eficiência. "Todos esses dados determinam a tomada de decisões e permite estar mais pró-ximo da atividade empresarial", explica. Victoria fala de um de seus produtos mais recentes: Microsoft Dynamics AX 2009, uma ferramenta que permite o acesso a informações integradas em tempo real sobre os funcionários, os trabalhos e atitudes específicas na organização.

 

Pablo Zendrera, arquiteto de soluções de negócios da SAP, também assegura que as organizações tendem a adotar um novo paradigma nesse aspecto: "A avaliação e o desenvolvimento do talento são os ativos mais importantes. Por esse motivo, exigem soluções avançadas que facilitem tanto o recrutamento quanto o desenvolvimento e a melhora de seus profissionais".

 

Porém, José Luis Tamargo, diretor de produto de RH da Meta4, diz que "os sistemas que administram o talento deixaram de ter muito sentido, pelo menos para mim. Fala-se de uma nova geração orientada para deixar as informações fluírem desde a primeira linha do negócio, para os especialistas. Pessoas que podem analisar as necessidades da atividade e convertê-las em políticas de formação, identificação de potencial, planejamento da sucessão e retenção do talento". Camino Vigil, chefe do serviço de consultoria de folha de pagamentos e recursos humanos da Seresco, acrescentou que "do que se trata é que essas ferramentas cheguem a todas as classes da empresa, de maneira que qualquer decisão do funcionário está respaldada pela informação que pode obter dessa plataforma".

 

Para Manuel Monterrubio, diretor-geral de IT for Human Capital (ITHcap), o objetivo geral das aplicações é medir. Se não houver essas aplicações e tudo estiver na cabeça dos chefes, o resultado começa a ser caótico e se perde a sensação de avanço para o funcionário e para a empresa, embora nem sempre de deem conta disso".

 

Nesse sentido, um dos aspectos da gestão de pessoas que se pode medir, além da avaliação, que se pode melhorar graças à tecnologia, é a produtividade. O Grupo Spec desenhou uma ferramenta que permite "controlar" o tempo em que os profissionais dedicam ao trabalho, e não só no escritório. "Além do controle de acesso, contamos com um dispositivo on-line ao qual se pode ter acesso através do portal do funcionário que possibilita averiguar onde está o profissional e as horas que dedica ao trabalho, mesmo que o execute à distância", diz Toni Tomasa, diretor-técnico do Grupo Spec.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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