Sem resultados positivos consistentes e indicadores de emprego negativos, CNC revê para baixo previsão anual
São Paulo - Sem uma recuperação consistente nos indicadores de emprego, o setor de serviços mantém quedas e permanece com futuro nebuloso. Mesmo com projeções melhores para o segundo semestre, a tendência é que a recuperação da receita seja adiada novamente.
Apesar do crescimento de 1% no volume de receita das empresas de serviços em abril na comparação com março, o indicador teve queda de 5,6% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Este foi o pior resultado da pesquisa para o mês de abril desde 2012. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada esta semana pelo IBGE. "Embora a alta de 1% tenha sido positiva, não repõe a queda do mês anterior (-2,6%). A queda na comparação com o ano passado também foi maior. O ritmo de queda continua forte", afirma o economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes.
No acumulado de janeiro a abril, o setor de serviços apresentou queda de 4,9%, ante o mesmo período de 2016. Os últimos resultados são preocupantes e podem mostrar uma recuperação mais tardia do que o esperado. Tudo isso, após a PMS ter passado por dois anos de queda, de -3,6% em 2015 e -5% em 2016. "Para o segundo semestre esperamos quedas menos acentuadas, mas ainda não vislumbramos uma recuperação", diz.
Perspectivas
Com os novos resultados, a CNC revisou de -2,6% para -3% a expectativa de desempenho do setor de serviços para este ano. "A revisão basicamente ocorreu pelo desempenho do mês na comparação com o ano passado. As chances de melhorar a previsão ainda são pequenas", conta.
Para que uma nova revisão com perspectivas melhores seja realizada, o executivo afirma que é necessário a previsão de retomada do mercado de trabalho fique 'mais clara'. "Hoje os dados do Caged mostram alta em um mês e queda no outro. Quando tivermos uma sequência de altas, certamente vamos revisar", destaca.
Segundo o economista, fatores como o a queda de juros e os saques do FGTS têm um impacto direto no varejo, mas na área de serviços são necessários outros fatores, como a confiança do investidor para a contratação de mão de obra - muito intensiva no setor. "Os saques do FGTS são mais usados para quitar dívidas e compras a prazo", indica.
De acordo com os dados do IBGE, os segmentos que apresentaram maior retração na receita real - no acumulado do ano, ante o mesmo período do ano anterior - foram os serviços técnicos-profissionais, que apresentou queda de 17,8% e o transporte aéreo, que contraiu 15,8% na mesma base. "Os chamados serviços profissionais carecem de um maior nível de investimento das empresas e esta por sua vez precisa de um maior nível de confiança", esclarece.
No resultado por região, os estados com piores desempenhos estão localizados na região Norte do País, sendo eles, Amapá (-18,9%), Roraima (-17,3%) e Rondônia (-16,9%).
Fonte: DCI