São Paulo - Após um ano e meio de quedas constantes no faturamento, o setor de bens duráveis dá o primeiro sinal de retomada. De janeiro a maio deste ano, o ramo cresceu 12%, frente a 2016, faturando R$ 39,5 bilhões. O período foi marcado ainda pela quebra da trajetória de perda de participação de mercado na América Latina.
Apresentados ontem pela GfK durante a feira Eletrolar Show, os dados abarcam as categorias de telecom, linha branca, linha marrom, informática e eletroportáteis. Apurado com varejistas do setor, o estudo, que se refere às vendas ao consumidor final, aponta ainda para um crescimento de 10% em unidades vendidas e de 2% em preços.
Das categorias auditadas pela empresa de pesquisa de mercado, a de telecom foi a que mais avançou nos primeiros cinco meses do ano, com um crescimento em unidades vendidas de 21%, e de 22% em valor. De acordo com o diretor comercial da GfK, Rui Agapito, a alta foi puxada principalmente pelo segmento de smartphones. "O principal destaque positivo foi a categoria de telecom, e essencialmente puxada por um produto: os smartphones."
Na outra ponta, a categoria de linha marrom foi a que registrou o pior desempenho no período, com uma retração em volume de vendas de 6%. O segmento foi seguido pelo de informática, que recuou 3% e pelo de linha branca, que ficou estável no intervalo, em unidades vendidas. As duas quedas ocorreram, segundo Agapito, porque os dois segmentos englobam uma grande quantidade de itens.
Com o resultado deste ano, a área de telecom ganhou participação dentro da cesta de produtos de bens duráveis medida pela GfK. Enquanto nos primeiros cinco meses de 2016 a categoria representava 39,5% do faturamento total, no mesmo período deste ano a fatia subiu para 42,8%. O ganho se deu em cima da queda da participação dos produtos de linha branca e linha marrom principalmente, que caíram, respectivamente, 2,3 pontos percentuais e 0,9 ponto percentual, em relação a 2016.
A despeito da queda de 6% do segmento de linha marrom, o executivo aponta que as vendas de televisores viram um crescimento expressivo no período. Em unidades houve um avanço de 15% e em faturamento de 16%. A expansão foi estimulado, conta, por dois fatores: o 'apagão analógico' e a liberação das contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Base baixa e pré-crise
O crescimento no faturamento e no volume de vendas do setor, influenciado em parte pela queda da inflação, se deu em cima de uma base comparativa muito baixa. Segundo Agapito, da GfK, no último um ano e meio o ramo de bens duráveis amargou quedas consecutivas. "O período foi extremamente negativo em termos de vendas de bens duráveis", afirma.
Diante do cenário e dos dados do estudo, a tendência é que o setor feche este ano com crescimento nas vendas, afirma o diretor da GfK, Minoru Wakabayashi, que explica, contudo, que a empresa ainda não fechou a previsão para o ano, que deve ser divulgada em setembro. Apesar da melhora já vista em 2017, para retornar ao patamar de antes da crise, quando o varejo de bens duráveis chegou a registrar um faturamento de R$ 96 bilhões, ainda há um longo caminho. Questionado pelo DCI Wakabayashi disse que ainda deve demorar muito para voltar ao pico visto em 2013. "Não tenho o ano certo porque temos que ver como vai se dar a questão política e das reformas, mas ainda está bem distante. Com certeza não será em 2018."
Participação de mercado
A reação vista no mercado brasileiro de bens duráveis refletiu na participação de mercado do País dentro da América Latina. A fatia, que caiu em 2015 e 2016, voltou a crescer este ano. Em 2014, o Brasil detinha 52% do faturamento total da região no mercado de bens duráveis. O valor caiu para 42% em 2015 e para 40% um ano depois. Neste ano, conta Agapito, o market share do Brasil voltou a subir, para 60%. Além da melhora nas vendas, o executivo diz que influiu na recuperação de mercado a queda do dólar frente ao real, e a perda de participação de alguns países da região, como a Argentina.
Fonte: DCI São Paulo