São Paulo - Produtores de algodão querem saltar no ranking mundial de exportadores da pluma. Como parte do esforço para alcançar a meta, quinze indústrias têxteis de sete países foram convidadas para acompanhar a colheita de algodão em três estados brasileiros.
Os esforços para ampliar as exportações brasileiras de algodão fazem parte do projeto Missão Compradora, que trouxe representantes de indústrias da China, Índia, Bangladesh, Peru, Turquia, Indonésia e Coreia do Sul, na última semana, para acompanhar o trabalho a campo em seis propriedades em Mato Grosso, Bahia e Goiás.
Na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), Arlindo Moura, o empenho, que inclui o fretamento de aeronaves para locomoção dos visitantes, compensa. "Nas duas primeiras edições do projeto, realizadas em 2015 e 2016, as indústrias que participaram ampliaram as compras depois de verem de perto como produzimos", garantiu o dirigente.
Ele cita como exemplo Taiwan. "Depois de participar do evento, o grupo taiwanês passou a comprar o produto brasileiro", assegura Moura.
Chegar a esse terceiro lugar no ranking mundial é um plano que ainda não tem prazo para se concretizar e que não será fácil. O País ocupa a quarta colocação, com 939 mil toneladas de algodão embarcadas em 2016 e a expectativa da Abrapa para a safra 2016/2017 é queda 35%, para 610 mil toneladas .
Conforme Moura, o Brasil tem como principal concorrente os Estados Unidos, terceiro maior produtor e maior exportador mundial do produto. "Embora os dos dois países tenham uma qualidade similar, os norte-americanos têm maior oferta, o que dá mais segurança ao comprador", explica. "O Brasil ainda é considerado no mercado mundial como um produtor jovem se comparado a outros países. É essencial divulgarmos nosso trabalho", avalia Moura.
Na última sexta-feira, o grupo visitou a Fazenda Bom Futuro, em Rondonópolis, Mato Grosso. A propriedade pertence à Eraí Maggi Scheffer, primo do ministro Blairo Maggi, e o maior produtor de algodão do País.
Ele cultivou 105 mil hectares na safra 2016/2017 - que está em plena colheita - e espera obter 170 mil toneladas. "Acho importante que os compradores vejam que produzimos com sustentabilidade e respeitando as leis. Isso dá a eles segurança para que continuem comprando", pontua Scheffer.
Ele já tem 80% da safra atual negociada e trabalha com o mesmo patamar de venda antecipada para o ciclo 2017/2018. Para o ano seguinte, já vendeu 40% da futura produção. "Por isso é bom que eles venham e optem por comprar mais a futuro", diz Scheffer. A média do País é de 30% da safra 2017/2018 já negociada, segundo a Abrapa, porcentual que está dentro da média para este período do ano.
Safra cheia
Depois de duas safras prejudicadas por problemas climáticos, a Abrapa aposta que o ciclo 2016/2017 será se de retomada. O motivo do otimismo é a produtividade média das áreas colhidas nas últimas três semanas, que, segundo Moura, apresentam aumento de 24%, em torno de 1,550 mil a 1,6 mil quilos de pluma por hectare.
"A produtividade está excepcionalmente boa, esperamos uma safra recorde", projeta o presidente da associação. O resultado positivo compensaria a redução de 3% na área cultivada, que recuou para 926 mil hectares. "Só temos motivos para comemorar."
Em Mato Grosso, principal produtor brasileiro, 3% dos 628,5 mil hectares já foram colhidos, segundo o presidente da Associação Matogrossense de Produtores de Algodão (AMPA), Alexandre Schenkel. "Esperamos uma produtividade muito boa, já que tivemos uma boa janela de plantio", avalia. A safra do Estado deve chegar a 998,8 mil toneladas de pluma.
Já o analista da Safras & Mercado, Cesar Rocha Marques, adota uma posição de cautela. "Esperamos uma produtividade alta, mas não deve chegar a um recorde", acredita. Ele lembra que será preciso superar os 1,8 mil toneladas por hectare do ciclo 2010/2011 para que a estimativa da Abrapa se concretize.
Ele salienta que, com a expectativa de maior produção, as exportações podem ganhar mais espaço neste ano. "Com a economia em crise, o consumo interno não deve aumentar".
Para 2017/2018, Marques aposta em um desempenho superior ao do ciclo atual. A Abrapa, por sua vez, projeta um crescimento de 15% na área cultivada com algodão.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, comemora as boas perspectivas. "Utilizamos fundamentalmente o algodão nacional e uma boa safra em qualidade e quantidade melhora o desempenho da indústria."
Fonte: DCI São Paulo