Centenas de animais perdidos e lavouras que não se desenvolveram. Essa é a realidade vivida por muito produtores rurais de Minas Gerais que enfrentam a estiagem cada vez mais frequente e severa. De acordo com o levantamento feito pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), a estimativa de perdas causadas pela escassez de chuva em 2017 soma R$ 5,47 bilhões. A falta de precipitações afeta várias regiões produtoras do Estado, porém, as mais castigadas pela seca são o Norte e o Noroeste.
O levantamento da Emater-MG mostra que a seca já provocou prejuízos de R$ 3,95 bilhões somente na bovinocultura de corte, levando em conta os dados das regiões do Jequitinhonha, Mucuri, Central, Norte, Noroeste e Rio Doce.
No ano, a estimativa é que as perdas diretas de cabeças gerem um prejuízo em torno de R$ 1,51 bilhão. Já com as perdas indiretas, como a queda na produtividade, o prejuízo foi estimado em R$ 404,3 milhões. Com a falta de chuvas e as altas temperaturas, as pastagens em várias regiões do Estado também foram perdidas e precisam ser replantadas, dano que foi estimado em R$ 2,03 bilhões.
Na pecuária de leite, os impactos também são significativos. Os dados levantados pela Emater-MG, mostram que as perdas estimadas na produtividade da bovinocultura de leite, em seis meses (maio a outubro de 2017), podem alcançar R$ 172 milhões.
“No semiárido, a seca tem se agravado. O recurso hídrico tem ficado cada vez mais escasso, devido às reservas hídricas estarem diminuindo. Nesta região, onde é desenvolvida a pecuária, percebemos que vem ocorrendo a migração dos animais para outras regiões. Quando falta alimento, os pecuaristas optam por vender os animais ou levam para serem recriados em outras áreas. Com isso, há uma descapitalização dos pecuaristas, desvalorização dos produtos e redução também na produção de leite”, disse o superintende de Abastecimento e Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), João Ricardo Albanez.
Agricultura - Além das perdas na pecuária de leite e de corte, a falta de chuvas inviabiliza a produção agrícola. A estimativa da Emater-MG aponta para um prejuízo próximo de R$ 1,34 bilhão na safra 2016/17, levando em conta a diferença entre a produção estimada em janeiro e a produção estimada em maio.
No café arábica, principal produto do agronegócio mineiro, as perdas na safra 2017 foram estimadas em R$ 574,7 milhões, com base nos dados das regiões do Jequitinhonha, Mucuri, Central, Norte, Rio Doce e Noroeste.
Neste ano, a falta de chuvas fez com que o tamanho e o peso dos grãos de café fossem prejudicados. Com isso, produtores precisam de maior volume de café para compor uma saca de 60 quilos. A situação tem deixado os cafeicultores apreensivos. De acordo com o presidente da Emater-MG, Glenio Martins de Lima Mariano, a próxima safra pode ser afetada pela estiagem.
“Um dos setores mais prejudicados com a estiagem, sem dúvida, é a cafeicultura, porque as plantas estão às vésperas da floração e estão desfolhadas, o que acarretará um baixo vingamento das flores e, consequente, queda na produção”, disse Martins.
A produção de feijão também foi castigada pela falta de água e as perdas da safra 2016/17 foram estimadas em R$ 459,6 milhões. No Noroeste de Minas Gerais, maior região produtora e responsável por 38,8% do volume estadual de feijão, a seca provou um dano de R$ 301,7 milhões, o maior do Estado na cultura.
Outra importante cultura, a do milho, registrou prejuízos de R$ 45,6 milhões. Somente no Norte do Estado, as perdas foram calculadas em R$ 27,2 milhões na safra 2016/17. No caso da soja, somando os danos registrados nas regiões Norte, Noroeste e Central, a perda financeira chegou a R$ 59,6 milhões.
O sorgo granífero, que é utilizado na alimentação animal em substituição ao milho, mesmo sendo mais resistente à escassez hídrica também sofreu perdas na safra 2016/17. Somando os danos registrados nas regiões Central, Noroeste, Jequitinhonha, Mucuri e Norte, estimativa é de uma perda de R$ 755,5 mil. Já os prejuízos na cana-de-açúcar somam R$ 30 milhões.
Fonte: Diário do Comércio de Minas