São Paulo - A Belagrícola dará continuidade na safra de verão de soja 2017/2018 a um projeto piloto de rastreabilidade de grãos, elaborado pela IBM e a SRB. A empresa testa a aplicação do blockchain para armazenar e compartilhar dados, além de aferir a qualidade dos grãos.
O Blockchain é um banco de dados descentralizado por meio do qual é possível dividir informações com diferentes players de um setor sobre determinado produto. A tecnologia permite um registro imutável de transações e ganhou fama por ser a base do sistema de bitcoins e começa a ser aplicada em outros segmentos no Brasil.
Na prática, o projeto em teste na Belagrícola possibilita que o comprador de grãos tenha acesso a todas as informações relativas ao produto recebido e armazenado pela empresa - como qualidade e características, origem e tratos culturais, por exemplo.
É o uso do blockchain que permite que isso ocorra de forma que os dados não possam ser alterados, evitando assim fraudes e erros de classificação dos grãos. Desta forma, o cliente poderá consultar e adquirir o grão com as características que deseja.
O projeto está em andamento há um ano e foi testado pela primeira vez na segunda safra de grãos 2016/2017, na unidade de Ribeirão do Sul (SP), que recebeu 650 mil sacas de milho na segunda safra.
No segundo teste do uso da tecnologia, neste verão, a unidade deverá receber 750 sacas de soja de aproximadamente 60 produtores. Entre os clientes da Belagrícola estão grandes tradings.
O projeto prevê a gestão de pátio, na qual o caminhão que chega recebe uma tag a partir da qual será possível identificar a carga e reunir informações relativas a ela. A segunda etapa é a gestão da qualidade, que consiste na conservação do produto recebido e, por fim, a gestão de controle, que envolve questões comerciais.
"Esperamos que o projeto seja colocado em prática por completo nesta unidade até 2019", explica o gerente comercial da Belagrícola, Claiton José Silveira de Souza.
A expectativa é que a tecnologia seja expandida para as outras 37 unidades da empresa, que movimentou 2,5 milhões de toneladas de grãos no ano passado. No entanto, não há um prazo para isso.
"Acreditamos que essa é uma necessidade do setor e esperamos que, uma vez que isso esteja disponível no mercado, nós seremos bonificados por esse diferencial", afirma.
O investimento inicial é de R$ 350 mil, mas ainda não há previsão de quanto a empresa aplicará no projeto.
Parceria
De acordo com o pesquisador de blockchain da IBM, Percival Lucena, o sistema pode ser utilizado também em contratos de crédito rural e de barter, além da rastreabilidade. A empresa é uma das parceiras da Belagrícola no projeto e tem investido em oferecer soluções voltadas ao setor.
"Esse projeto é o primeiro para a área de grãos no Brasil e exterior", assegura o CEO do Sistema Brasileiro de Rastreabilidade (SRB), Eduardo Figueiredo, que atua no desenvolvimento do projeto.
"Saber o pacote tecnológico, a armazenagem, a origem e o destino desses grãos em uma plataforma única dá mais segurança ao comprador e dá valor ao produto. Com isso, podemos aprimorar toda a cadeia", argumenta Figueredo.
Fonte: DCI São Paulo