São Paulo (Reuters) - Os produtores de etanol no Brasil estão avaliando a adoção de um conceito de usina que usa cana e, alternativamente, milho, para produzir o biocombustível, um movimento que lhes permitiria estender as operações para além do período atual de colheita da cana.
Quase todos os produtores de etanol no cinturão de cana do centro-sul do Brasil produzem o combustível entre abril e meados de dezembro, quando a colheita é processada. As plantas normalmente permanecem inativas por quase três meses a cada ano, um período que as empresas usam para manutenção.
Mas há seis plantas no Brasil atualmente operando durante a maior parte do ano, usando o milho como matéria-prima alternativa quando a colheita da cana acaba e apenas fazendo interrupções curtas para a manutenção.
"Nós paramos por apenas 15 dias no ano passado", disse Vital Silva Nogueira, gerente da chamada unidade "usina flexível" da Usimat, localizada em Mato Grosso, no coração do cinturão de grãos do Brasil.
A Usimat foi a primeira "usina flexível" a operar no Brasil, em 2012. Além das seis usinas que produzem etanol usando cana e milho, há duas plantas produzindo o combustível utilizando milho exclusivamente.
Roberto Hollanda Filho, presidente da Biosul, uma associação de usinas em Mato Grosso do Sul, acredita que o conceito de usinas que utilizam duas matérias-primas é totalmente factível, especialmente em Estados com ampla oferta de milho, como o dele.
Mas ele diz que a maioria das empresas do setor atualmente carece de financiamentos para investimentos e precisaria ter uma perspectiva mais clara para a futura demanda de etanol no Brasil para decidir se eleva o capital para atualizar as plantas.
A demanda brasileira de etanol tem sido volátil nos últimos anos, dependendo do preço da gasolina, que compete com o biocombustível pela preferência dos motoristas na bomba.
Os produtores brasileiros de etanol estão pressionando o governo a implementar o mais rápido possível um programa para aumentar a demanda de etanol e biodiesel, chamado RenovaBio.
O plano estabeleceria mandatos para distribuidores de combustível, com metas gradualmente maiores para biocombustíveis ao longo dos anos, e é visto como um salva-vidas para produtores locais.
Fonte: Reuters