São Paulo - Embora o quarto trimestre seja aguardado pelos frigoríficos, por tradicionalmente ser o melhor do ano para as vendas de proteína animal, o período ainda deve ser marcado por desafios, especialmente para a JBS.
A gigante do setor terá de superar a desconfiança que ainda paira no mercado após os episódios da Operação Carne Fraca e da delação dos irmãos Wesley e Joesley Batista no âmbito da Lava Jato.
"O mercado, de modo geral, está com a confiança abalada na empresa e ainda não sei quanto tempo vai levar para que a companhia possa recuperar o que está perdendo", diz o diretor técnico da Informa Economics IEG/FNP, José Vicente Ferraz.
A companhia obteve lucro líquido de R$ 323 milhões de julho a setembro deste ano, queda de 64% sobre o resultado de um ano antes, que foi de R$ 887 milhões. "Esse desempenho reflete as dificuldades que a empresa enfrenta no mercado interno", diz.
A companhia reportou no terceiro trimestre queda de 17% dos abates no País na comparação anual e a receita líquida da unidade de negócios Brasil recuou 24,4% ante igual intervalo do ano passado, para R$ 5,1 bilhões, pressionada pela venda de operações de carne bovina da companhia na Argentina, Paraguai e Uruguai, adquiridas pela Minerva.
A empresa informou no balanço que o lucro líquido teria sido de R$ 1,9 bilhão no terceiro trimestre se a companhia não tivesse aderido ao Programa Especial de Regularização Tributária, o Refis. A JBS registrou um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de R$ 4,32 bilhões de julho a setembro, alta de 37% na comparação anual.
Marfrig
Enquanto a JBS busca um meio de superar os escândalos em que está envolvida, a Marfrig Global Foods aproveitou a crise para retomar os abates em unidades que estavam fechadas. Com isso, a segunda maior do País fechou o terceiro trimestre com prejuízo líquido de R$ 58 milhões de julho a setembro, ante perda de R$ 156 milhões do mesmo período do ano passado.
"Nós esperamos que o quarto trimestre seja muito parecido com esse último, quem sabe até um pouco melhor, porque é o período mais importante tanto aqui quanto no Uruguai", disse ao DCI o CEO da Marfrig, Martin Secco. A divisão Beef, que tem 19 plantas no Chile, Brasil e Uruguai, responde por 50% da receita da companhia.
A Marfrig chegou à marca de abate de 250 mil cabeças mensais no terceiro trimestre, com a reabertura de unidades de Pirenópolis (GO) e Nova Xavantina (MT), ampliando em 22% o volume produzido na comparação anual. "Nosso plano é chegar a 300 mil cabeças mensais no fim do quarto trimestre e estamos totalmente preparados para isso", assegurou Secco. Até dezembro deste ano, voltam a operar as unidades de Alegrete (RS), Ji-Paraná (RO) e Paranaíba (MS).
O CEO ainda destacou que o processo de abertura de novas unidades deve se encerrar no próximo trimestre. "A única questão que fica indefinida para a companhia é o aluguel, anunciado no fim de outubro, da unidade de Pontes e Lacerda, em Mato Grosso, para a qual ainda não temos data de abertura e que consideramos um movimento estratégico", salientou o CEO.
Durante apresentação dos resultados a investidores, Secco afirmou que o IPO da Keystone deve ficar para 2018. A Keystone voltou a apresentar resultado recorde, com Ebitda ajustado de R$ 244 milhões no terceiro trimestre, alta de 25% na comparação anual, e margem Ebitda de 10,8%. A receita líquida registrada no terceiro trimestre foi de R$ 2,3 bilhões, alta de 4% sobre o mesmo período do ano passado.
Na semana passada, o Minerva Foods também divulgou seus resultados. A companhia ampliou em 81% o lucro líquido ante o mesmo período do ano passado, para R$ 85,8 milhões. Assim como a Marfrig, a empresa aproveitou a turbulência no setor e reabriu a unidade de Mirassol d´Oeste (MT), além de adquirir as plantas das quais o JBS se desfez no Mercosul. Com isso, a receita líquida do período atingiu recorde de R$ 3,4 bilhões.
Fonte: DCI São Paulo