Aumento de custos pesa na conta dos produtores de arroz e derruba safra

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A safra gaúcha 2017/2018 de arroz deve ser 16% menor que a do ciclo passado e chegar a 7,5 milhões de toneladas, estima o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), principalmente pelo aumento de custos de produção do cereal.

 

O Estado responde por 70% da produção brasileira, em média, e a safra está em desenvolvimento. “A produção deve ficar entre 7 milhões e 7,5 milhões de toneladas”, projeta o diretor técnico do Irga, Maurício Fischer.

 

Nesta temporada, a área cultivada é de 1,07 milhão de hectares, recuo de 4% em relação ao ciclo passado.

De acordo com Fischer, o recuo da produção se deve a uma série de fatores, a começar pelos preços pagos pelo cereal ao produtor. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a receita com a venda de arroz na região de Uruguaiana (RS) está 7% menor que os custos operacionais da lavoura e 30% menor que o custo total.

 

A saca de 60 quilos está cotada, em média, em R$ 37 no Estado, enquanto os custos de produção estão em R$ 45,21, segundo cálculo do Irga. “Esse valor cobre apenas os custos variáveis da atividade”, argumenta Fischer. “Este vai ser um ciclo mais difícil que o anterior”, projeta.

 

Conforme o dirigente, o aumento do preço do óleo diesel e da energia elétrica – que chegou a 30%, segundo os produtores – são os itens que mais pesaram para deixar a safra mais cara.

 

Fischer ainda destaca que os produtores estão descapitalizados, o que inibe investimentos em tecnologia na lavoura e também em incremento na produção. “Muitos produtores arrendam áreas para a produção, não têm como rescindir contratos e estão produzindo para pagar as contas”, salienta.

 

Conforme o Fischer, o atraso no plantio também deve pesar para a queda na produção. A maior parte da safra foi cultivada depois do período considerado ideal para o plantio, entre outubro e novembro, em razão do atraso de mais de 20 dias causado pelas chuvas.

 

“Isso deixa o resultado no campo muito dependente do clima do mês de março”, pondera o dirigente. Para um bom resultado nas lavouras, será preciso um clima mais seco e com sol. “Porém, no geral, março é um mês mais chuvoso, o que deve afetar a produtividade no campo”, avalia.

 

Se por um lado esse atraso pode diminuir a produção, pode ser considerado positivo do ponto de vista de preços, assegura o presidente da Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Dornelles. Ele explica que isso retarda a entrada da safra nova no mercado e pode dar sustentação aos preços por mais tempo, segundo o dirigente.

 

A demanda brasileira para este ano deve chegar a 12 milhões de toneladas, o maior volume desde 2012/2013, avalia o Cepea em nota.

De acordo com a entidade, a produção total brasileira deve chegar a 11,6 milhões de toneladas, considerando o arroz de sequeiro, queda de 5,8% em relação ao ciclo passado.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que o estoque de passagem seja de até 1,5 milhão de toneladas de arroz.

 

Somando-se esse volume, a produção nacional total e a perspectiva de importação de mais um milhão de toneladas até fevereiro de 2019, a disponibilidade de arroz no País deve ser de 14 milhões de toneladas, o maior volume desde a safra 2012/2013.

 

Concorrência

 

A concorrência com o produto do Paraguai continua a preocupar os arrozeiros assim como aconteceu em 2017.

No ano passado, o Brasil importou 479,4 mil toneladas do cereal daquele país, segundo dados do Ministério da Agricultura (Mapa). O incremento é de 20,4% em relação ao volume importado em 2016.

 

Considerando também Argentina e Uruguai, o Brasil importou 799,2 mil toneladas de arroz do Mercosul em 2017, 8% a mais do que no ano anterior. Os demais países do Mercosul produzem juntos 15 milhões de toneladas.

 

Fischer relata que as indústrias brasileiras importam sem impostos o arroz dos países do Mercosul, onde o custo de produção é menor. “É uma competição desigual”, afirma o dirigente do Irga.

Ele pontua que o produto gaúcho paga ICMS de 7% para deixar o Estado e chegar a mercados do centro do País, além do custo de frete, que chega a R$ 10 por saca.

 

Fonte: DCI São Paulo

 

 

 


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