Após registrar pequena variação positiva em novembro, o preço do leite, em Minas Gerais, voltou a recuar em dezembro. De acordo com o levantamento feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em dezembro o pecuarista mineiro recebeu, em média líquida, R$ 1,03 pelo litro de leite referente à entrega feita em novembro, retração de 0,25% frente ao mês anterior. No valor bruto, a queda ficou em 0,59%, com o litro avaliado em R$ 1,14. Em relação a dezembro de 2016, a queda no preço do leite chegou a 20,4%. A nova retração dos preços se deve ao aumento da captação e ao consumo menor, principalmente devido ao período de férias.
De acordo com os pesquisadores do Cepea, as chuvas mais abundantes favoreceram a recuperação das pastagens, o que contribuiu para uma maior captação de leite em Minas Gerais. A alta na produção aconteceu em um período em que a demanda segue fraca. Além da queda do poder de compras das famílias, em função do alto índice de desemprego e redução da renda, o período de férias e as festas de final de ano impactam de forma negativa no consumo de leite e derivados.
Com todos os gargalos, o pecuarista de Minas Gerais recebeu, na média líquida, R$ 1,03 pelo litro de leite em dezembro. O valor é 20,4% menor que o praticado em dezembro de 2016, quando o produto era negociado a R$ 1,20 por litro.
Ao contrário de Minas Gerais, na média Brasil os preços pagos aos pecuaristas se mantiveram praticamente estáveis em dezembro, com pequena variação positiva de 0,03% no valor líquido, que encerrou dezembro em R$ 1 por litro de leite. A média Brasil é calculada com base nos preços registrados em Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Goiás e Bahia.
De acordo com o levantamento do Cepea, o maior volume de chuvas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, em novembro, elevaram a captação em Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Goiás. No entanto, os baixos preços praticados no Sul do País levaram à diminuição na captação no Rio Grande do Sul e à estabilidade em Santa Catarina e Paraná, o que sustentou a alta do Índice de Captação de Leite (Icap-L) do Cepea na média Brasil. Assim, de outubro para novembro, o Icap-L aumentou 1,3%.
Cautela - Com o aumento da captação e os preços em baixa, a situação dos pecuaristas é desfavorável e, segundo os pesquisadores do Cepea, muitos estão optando por abater as matrizes e reduzir os investimentos na produção. Em casos mais graves, os produtores estão abandonando a atividade.
Para janeiro, as estimativas são cautelosas, principalmente pelo período ser tradicionalmente marcado pelo consumo menor de lácteos. Em Minas Gerais, o período é de safra do leite, uma vez que a regularização das chuvas recuperou as pastagens, contribuindo para uma maior produção dos rebanhos.
O levantamento do Cepea mostra que 65% dos colaboradores consultados, que representam 79% do volume de leite amostrado, acreditam em estabilidade nas cotações em janeiro. Outros 26% - que respondem por 14,5% da amostra - apostam em queda e 9%, que correspondem por 7% do volume, esperam em alta nos preços.
Fonte: Diário do Comércio de Minas