A safra 2017/2018 de laranja caminha para a reta final da colheita, em janeiro, em uma temporada em que tudo deu certo para os produtores e para a indústria. O volume de produção está estimado em 385,2 milhões de caixas de 40,8 quilos cada, avanço de 57,2% ante o ciclo anterior.
Em relação à média dos últimos dez anos, o crescimento é de 20%. De acordo com o coordenador de pesquisa de safra do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), Vinícius Trombin, esse percentual deve, no mínimo, se manter até o final da safra. “A produção poderá até aumentar, mas menor do que isso não fica”, projeta.
O motivo é que as chuvas projetadas para os meses de dezembro e janeiro devem garantir condições favoráveis à cultura e deixar as frutas maiores do que o esperado. Outro fator positivo é o aumento do uso de insumos na cultura, favorecido pela queda da cotação do dólar.
“Não sei quando teremos uma conjuntura tão positiva para o setor novamente”, acrescentou o diretor-executivo da Associação Nacional de Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), Ibiapaba Netto.
A nova safra representa uma recuperação depois do ciclo 2016/2017, em que a produção foi atípica e os estoques recuaram 69%. “Esta estimativa de aumento na produção teria o potencial danoso para o mercado. Mas o furacão que atingiu a Flórida ‘arrumou a casa’ ”, avalia o dirigente da CitrusBR.
Ele se refere ao furacão Irma, que destruiu pomares nos Estados Unidos em setembro. Embora o Brasil seja o maior produtor da fruta, os norte-americanos são concorrentes importantes.
A mais recente previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) indica a colheita de 46 milhões de caixas nos EUA, recuo de 33% ante o ciclo anterior. “Isso é ruim no longo prazo, claro, mas para o Brasil foi importante, uma vez que uma safra grande é um fator de depreciação de preços.”
Com a expectativa de uma produção maior, também cresceram as contratações de mão de obra, que aumentaram 15% nesta safra, disse Trombin, para 40 mil pessoas.
Próximo ciclo
Para a safra 2018/2019, o USDA estima produção brasileira de 302 milhões de caixas, o que representa uma queda de 15% em relação à estimativa de 500 milhões de caixas do órgão para este ano. “Acho muito cedo e um dado ainda especulativo, já que temos a florada por acontecer nos pomares”, disse Tronbim. “Mas o setor está esperançoso em relação ao próximo ciclo.”
Ibiapaba Netto concorda que ainda é prematuro projetar o ano que vem. “Acredito que dificilmente a próxima safra será muito grande, mas também não creio que seja algo que possa gerar uma crise” afirmou o diretor.
Fonte: DCI São Paulo