A perspectiva de uma nova safra recorde de soja está demonstrando que, além do clima favorável, há uma tendência no setor de maximização dos ganhos de produtividade. A aceleração em 2018 desse movimento, que por tabela acaba reduzindo o uso de áreas recém-desmatadas para a agropecuária, deve ocorrer após produtores do País terem sido surpreendidos por boas colheitas e margens positivas na temporada atual, em meio à quebra de safra na Argentina, que elevou os preços globais.
“Reforça a tendência de que o modelo de investimento mudou”, disse à Reuters o sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, ressaltando que o ganho extra em 2018 deve dar fôlego para investimentos, mas como era inesperado até pouco tempo não deve permitir a apropriação de novas áreas, já que não haveria tempo para a adequada preparação e correção do solo.
O resultado de foco de investimento em propriedades já consolidadas é um aumento de produtividades e lavouras produzindo cerca de 100 sacas por hectare em áreas irrigadas, ou quase o dobro da média do País na temporada passada, com o apoio também de toda uma gama de avanços que incluem a biotecnologia.
Isso ajuda a entender por que a soja do Brasil, maior exportador global, é cada vez mais competitiva, disse Pessôa. O consultor pontuou também que produtores já são capazes de elevar suas produtividades médias para 70 sacas. Alguns já estão no patamar de 80 a 90 sacas. “Não é possível conseguir esses patamares de produtividade sem fazer algum investimento diferente, no perfil de solo, no manejo de pragas e doenças, sempre tem um aporte novo para ser feito, alguns produtores já foram para esse patamar”, continuou Pessôa.
“Investindo R$ 700 por hectare para melhorar o perfil do solo, o produtor vai melhorar a sua propriedade, mas ele não compra terra com esse valor”, exemplificou o analista, ressaltando que a ideia de investir na própria fazenda compete com a ideia de usar uma área nova.
Fonte: DCI